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Estudo afirma que leite materno reduz risco de hiperatividade infantil

Crianças que tomavam mamadeira aos três meses tinham três vezes mais possibilidades de apresentar transtorno em comparação aos que ainda mamavam no peito - Thinkstock
Crianças que tomavam mamadeira aos três meses tinham três vezes mais possibilidades de apresentar transtorno em comparação aos que ainda mamavam no peito Imagem: Thinkstock

Daniela Brik

Em Jerusalém

26/08/2013 11h07

Pesquisadores israelenses descobriram que os bebês que se alimentam de leite materno têm menos chances de desenvolver o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) que os que consomem leite comum.

Os pediatras incentivam as mães a amamentar os recém-nascidos com leite materno, já que é uma nutrição completa e fácil de digerir, além de conter anticorpos que ajudam o sistema imunológico e hormônios que tranquilizam a criança.

Entre todos estes benefícios, agora também pode constar a prevenção do TDAH, de acordo com um estudo dirigido pela doutora Aviva Mimouni-Bloch da Faculdade de Medicina de Tel Aviv, que demonstrou que, entre as crianças que apresentam o transtorno, há uma proporção menor de bebês que mamaram no peito.

Embora os pesquisadores sejam cautelosos e alertem que só provaram a existência de uma relação significativa entre a lactação materna e uma menor incidência da hiperatividade na infância (inclusive levando em conta fatores típicos de risco), o estudo sugere que amamentar poderia servir de potente protetor contra o TDAH.

Este é um dos transtornos de conduta mais comuns diagnosticados em crianças e adolescentes, de natureza heterogênea e multifatorial e é improvável encontrar uma única causa.

Publicado na revista Breastfeeding Medicine e apresentado no congresso da Academia de Sociedades Pediátricas realizado em Washington em maio, a pesquisa foi concentrada nos hábitos de lactação que os pais deram a seus filhos, divididos em três grupos.

O primeiro, constituído por 56 crianças diagnosticadas com TDAH; o segundo, formado por 52 irmãos de crianças com esse transtorno, e o terceiro, o grupo de controle, formado por 51 crianças sem qualquer relação genética.

Os resultados revelaram uma clara relação entre a amamentação com leite industrializado e o TDAH. Assim, as crianças que tomavam mamadeira aos três meses tinham três vezes mais possibilidades de apresentar o transtorno, quando comparadas às crianças que ainda mamavam no peito.

A metodologia consistiu em um comparativo do histórico clínico de crianças com idades entre seis e 12 anos que haviam sido internadas por diferentes razões no Hospital Pediátrico Schneider de Petahtikva (Israel).

Os pais preencheram um questionário detalhado sobre a alimentação dos seus filhos nos primeiros meses de vida e outros fatores que podem influenciar na aparição do TDAH, como situação familiar, nível educativo dos pais, problemas durante a gravidez, como hipertensão ou diabetes, peso do recém-nascido e relação genética com o TADH.

Aos três meses, apenas 43% dos diagnosticados com TDAH haviam recebido leite materno, contra 69% do grupo dos irmãos e 73% do grupo de controle.

"Vimos que existe uma associação significativa entre o TDAH e a falta de leite materno aos três meses", explicou à Agência Efe a doutora Mimouni-Bloch, que também dirige o Centro de Neurodesenvolvimento Infantil do Hospital Loewenstein.

"Sabíamos que o fator genético era determinante, mas nos surpreendemos ao encontrar diferenças significativas entre os que não foram amamentados aos três meses e os outros grupos", disse.

Os pesquisadores não puderam determinar quais mecanismos influenciam nessa relação: os componentes do leite materno, o laço que se estabelece entre a mãe e o bebê durante a amamentação ou ambos.

A pesquisa da Universidade de Tel Aviv complementa outro estudo, de Nova York, com resultados que, mesmo seguindo outra metodologia, apontam para uma tendência similar, o que, segundo a doutora israelense, reforça sua tese.