Suposto "soro secreto" contra ebola melhora saúde de americano
Washington, 4 ago (EFE).- Pelo menos um dos dois americanos que contraíram o ebola na Libéria recebeu um "soro secreto" enviado para salvamento, informou nesta segunda-feira a imprensa dos Estados Unidos.
O médico Kent Brantly e a enfermeira Nancy Writebol desenvolveram os sintomas do ebola - febre, vômitos e diarreia - e exames de sangue confirmaram que ambos estavam infectados no final de julho. Brantley, de 33 anos, deixou a Libéria no último sábado a bordo de um avião privado equipado com um compartimento isolado. Ele chegou à base Dobbins da Reserva da Força Aérea em Atlanta, na Geórgia, e foi internado no Hospital da Universidade Emory. De acordo com a rede de televisão "NBC", Nancy chegará a Atlanta amanhã e será internada no mesmo hospital.
A organização de beneficência Samaritan's Purse, com sede na Carolina do Norte, informou que foi enviado à Libéria "um soro experimental, em dose suficiente para uma pessoa", para o tratamento da doença viral. Segundo essa organização, Brantly, que tinha notado os sintomas uma semana antes e se colocou em quarentena, ofereceu a dose à missionária Nancy.
A rede de televisão "CNN" e outros meios veículos de comunicação têm uma versão diferente: depois de o soro congelado chegar à Libéria em ampolas, Brantly sugeriu que a primeira dose fosse administrada em Nancy já que ele, sendo mais jovem, tinha maior probabilidade de resistir à doença.
Quando a condição de Brantly - cuja dose continuava congelada - piorou, os médicos optaram por administrar, primeiro, o tratamento nele e a melhora foi percebida com rapidez. Nancy recebeu outra dose e sua reação não foi tão promissora quanto a de Brantly e, por isso, os médicos deram uma dose adicional.
O surto de ebola é o maior registrado até agora, com mais de 1.300 casos confirmados e, mais de 800 mortes em Serra Leoa, Guiné e Libéria.
Embora ainda não tenha ocorrido uma explicação oficial sobre o soro usado, William Schaffner, professor de medicina preventiva e doenças infecciosas no Centro Médico da Universidade Vanderbilt, no Tennessee, disse que os métodos para combater o ebola que são estudados contêm anticorpos do vírus.
"Há uma longa tradição de uso do soro de imunidade como tratamento. Administram anticorpos ao paciente e espera-se que eles ataquem o vírus e interfiram na multiplicação", afirmou Schaffner em declarações para o site "Live Science".
Em comunicado, o hospital informou que está bem equipado para manter o isolamento dos pacientes com ebola e "a unidade foi montada em parceria com os Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) para o tratamento de pacientes expostos a doenças infecciosas graves".
Segundo a imprensa americana, os Institutos Nacionais de Saúde entraram em contato com o grupo Samaritan's Purse e ofereceram o tratamento experimental conhecido como ZMapp.
O composto é desenvolvido pela empresa de biotecnologia Mapp Biopharmaceutical, e os pacientes foram informados que o tratamento ainda não tinha sido experimentado em humanos e que testes promissores foram feitos em macacos.
Segundo a companhia, quatro macacos infectados com ebola sobreviveram após o tratamento, antes que completar 24h de infecção. Dois outros, que começaram a receber o tratamento nas 48h horas depois da infecção, também sobreviveram. Um macaco que não recebeu o tratamento morreu cinco dias depois de ter sido exposto ao vírus.
A Mapp informou que o composto é um anticorpo monoclonal obtido de ratos expostos a fragmentos do vírus de ebola. Os anticorpos gerados no sangue dos ratos foram colhidos para criar o remédio que, supostamente, funciona impedindo que o vírus entre e infecte novas células.
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