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Nascimento de bebê sem rosto gera escândalo de negligência médica em Portugal

O médico que acompanhou a gravidez não detectou nenhuma anormalidade  - iStock
O médico que acompanhou a gravidez não detectou nenhuma anormalidade Imagem: iStock

Da EFE, em Lisboa

17/10/2019 17h11

O caso de Rodrigo, um bebê com dez dias de vida que nasceu sem olhos, nariz e parte do crânio, gerou um escândalo por negligência médica em Portugal após ser noticiado que o obstetra que acompanhou a gravidez - e que não detectou as más-formações - exercia a profissão apesar de ter quatro processos disciplinares abertos.

A divulgação do caso do bebê "sem rosto", como está sendo chamado pela imprensa lusitana, ocorreu nesta quinta-feira. O caso já está sendo investigado pelo Ministério Público português, após uma denúncia apresentada pela mãe da criança.

De acordo com o relato da família ao jornal "Correio da Manhã", os pais foram atendidos durante toda a gravidez por este obstetra em uma clínica particular onde foram realizadas três ultrassonografias, mas em nenhuma delas o especialista percebeu más-formações no feto.

A situação ficou mais estranha quando os pais realizaram uma ultrassonografia 5G em uma clínica diferente, na qual foram alertados que não estava tudo bem.

A família argumenta que levou esse diagnóstico ao obstetra anterior, que desmereceu a análise e garantiu que não havia nenhum problema. Mas a realidade foi muito diferente.

Quando Rodrigo nasceu, no dia 7 de outubro, no Hospital de São Bernardo, situado na cidade de Setúbal, ao sul de Lisboa, foi constatado que o bebê não tinha olhos nem nariz, e que também faltava parte do crânio.

Os médicos deram ao bebê uma previsão de poucas horas de vida, já superadas. Em meio às ações judiciais, o caso se tornou um escândalo após ser noticiado que o médico já havia se envolvido em polêmicas.

O especialista tem quatro processos disciplinares abertos na Ordem dos Médicos de Portugal, disseram à Agência Efe fontes da instituição, que se recusaram a dar mais detalhes sobre os processos.

O presidente da entidade, Miguel Guimarães, expressou publicamente a solidariedade com a família do bebê e deixou claro que, "diante da gravidade dos fatos relatados", pediu esclarecimentos ao representante do conselho disciplinar correspondente.

"Reitero o forte apelo que já realizei em outras ocasiões (ao conselho disciplinar) no sentido de poder contar com uma ação rápida, eficaz e justa nos casos analisados, que dignifique a profissão médica e que proteja os pacientes", acrescenta Guimarães em comunicado.