Obrigatoriedade de exame médico era ignorada em muitas academias
A gerente financeira Márcia Pereira, de 40 anos, descobriu há nove anos que era hipertensa. Um ano depois da descoberta, começou a malhar, já sob orientação médica, mesmo sem a obrigatoriedade do exame. "Se tivesse começado a malhar sem saber que era hipertensa, poderia ter tido um enfarte. Acho o exame super importante", diz.
Ela conta que muita gente da academia que frequenta reclamava da regra. O local aceita dois tipos de exame: o feito com médico particular ou com o médico da academia, que cobra taxa de R$ 40 para realizá-lo. "As pessoas não têm tempo e acaba sendo um problema a mais."
É o caso do engenheiro civil Rodrigo Maciel, de 33 anos. No ano passado ele quase teve que ficar parado por um tempo porque a catraca da sua academia não libera a entrada de quem está devendo o exame. "O plano de saúde não marca uma consulta de um dia para o outro, leva pelo menos 15 dias", afirma. Ao saber que o exame não seria mais obrigatório, o engenheiro ficou satisfeito. "Acho que cada um deve se preocupar com a própria saúde. O exame dava trabalho e era apenas um transtorno."
Mesmo com a lei, nem todas as academias cumpriam a regra. Na academia da professora Milena de Oliveira, de 24 anos, o exame nunca foi cobrado. "Na prática, essa mudança não vai nem me afetar", diz.
A obrigatoriedade do exame médico antes da prática de exercícios físicos é uma polêmica em diversos lugares do mundo, diz o cardiologista e professor da Faculdade Santa Casa Roberto Franken. Para ele, obrigar todos os usuários a fazer o exame é algo complexo e de difícil operacionalidade, mas o cardiologista reitera que o exame é importante e que as pessoas devem se preocupar com a própria saúde. "Se a lei não obriga a pessoa a fazer o exame, ela deve individualmente se cuidar", afirma Franken. Ele lembra que quem tem histórico de hipertensão na família e já está com a idade avançada deve redobrar a atenção. "Homens acima de 45 anos e mulheres de 50 em diante devem se cuidar."
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