'Falta tudo. Um dia é gaze, em outro é luva', diz médico do Hospital São Paulo
São Paulo - Em crise econômica, o Hospital São Paulo, vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), suspendeu internações eletivas (não urgentes). Funcionários e pacientes que utilizam o centro médico, considerado de referência em atendimento de urgência de alta complexidade na região, reclamam das más condições da unidade e da falta de insumos e equipamentos.
Moradora do Jardim São Jorge, a diarista Silmaria Gomes Santos se deslocou mais de 18 quilômetros para realizar um exame de raio X no Hospital São Paulo na manhã de sexta-feira, 31. Na sala de exame, se deparou com um "ambiente sombrio", com o piso danificado e equipamentos enferrujados e remendados com fitas. "Os funcionários fazem o que podem, mas a situação é bastante precária", opina.
Situação semelhante foi enfrentada pela aposentada Lisaura, portadora de fibrose cística, lúpus e esclerose múltipla. Há duas semanas, ela foi ao Hospital São Paulo fazer um exame de sangue, que não pode ser realizado por causa da falta de tubos para a coleta de amostras. "Também já aconteceu de não ter reagente. Daí não tem o que fazer. O médico que vai avaliar", relata.
Segundo dois médicos residentes, que não quiseram se identificar, problemas no abastecimento de materiais e insumos são frequentes há cerca de quatro anos. "Falta tudo. Não tem como dizer o que é mais grave. Tem dia que é gaze, outro que é luva cirúrgica, material para esterilização, seringa, e isso se repete todo dia", comentam eles, que frequentam o local há cerca de 10 anos.
A falta de materiais também foi apontada pelo técnico em enfermagem Francisco Brandão, de 56 anos e que trabalha no local há 30. "Pacientes que têm mais condições compram a própria gaze, seu micropore, às vezes até para outros que precisam", diz. Segundo ele, não é incomum casos de cirurgias serem suspensas por falta dos insumos necessários.
Funcionário do setor de Ergonomia, ele relata que conseguiu a doação de uma esteira em 2016, que seria capaz de testar pacientes com até 200 kg. O equipamento teria ficado, contudo, quatro meses parado por falta de verba para um técnico instalar o programa dos exames, o que, segundo ele, acabou sendo realizado voluntariamente por um médico. "Dizem que a verba chega, mas a gente não sabe o que é feito. Deveria haver uma auditoria dos gastos da direção", reivindica.
Voluntária há 12 anos no local, Esther Luchessi comenta que a espera de atendimento por horas já resultou na revolta e até agressões de pacientes. Há alguns meses, a aposentada Rosa Maria Aparecida da Silva, de 66 anos, diz, por exemplo, que teve que se exaltar para conseguir trocar o gesso quando quebrou o pé, pois, inicialmente, os profissionais que a atenderam queriam colocar o mesmo gesso após o terem retirado.
À espera de atendimento para a mãe, Maria Aparecida Rodrigues dos Santos diz não ter sido avisada sobre a impossibilidade de internação para casos que não são de urgência. "É preocupante. A minha mãe está com 97 anos e a gente depende exclusivamente de atendimento público. Se ela precisar ser internada e não for aqui, não sei o que vai ser da gente", relata.
Nesta sexta-feira, após a decisão de suspender as internações eletivas, houve redução de 40% no número de atendimentos em relação à quinta-feira, segundo a Unifesp. No ano passado, o hospital realizou 263.318 atendimentos de urgência e emergência - um aumento de 60% em relação ao ano de 2010. A universidade não comentou os relatos de precariedade e falta de insumos na unidade.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo informou que a unidade segue atendendo os casos mais graves e urgentes, com risco de morte, da região para o qual é referência. "Casos de menor complexidade e gravidade estão sendo regulados para outras unidades", informa a pasta. A Secretaria também esclarece que, em relação às cirurgias eletivas, os pacientes que já foram encaminhados para a unidade são de responsabilidade do hospital.
Moradora do Jardim São Jorge, a diarista Silmaria Gomes Santos se deslocou mais de 18 quilômetros para realizar um exame de raio X no Hospital São Paulo na manhã de sexta-feira, 31. Na sala de exame, se deparou com um "ambiente sombrio", com o piso danificado e equipamentos enferrujados e remendados com fitas. "Os funcionários fazem o que podem, mas a situação é bastante precária", opina.
Situação semelhante foi enfrentada pela aposentada Lisaura, portadora de fibrose cística, lúpus e esclerose múltipla. Há duas semanas, ela foi ao Hospital São Paulo fazer um exame de sangue, que não pode ser realizado por causa da falta de tubos para a coleta de amostras. "Também já aconteceu de não ter reagente. Daí não tem o que fazer. O médico que vai avaliar", relata.
Segundo dois médicos residentes, que não quiseram se identificar, problemas no abastecimento de materiais e insumos são frequentes há cerca de quatro anos. "Falta tudo. Não tem como dizer o que é mais grave. Tem dia que é gaze, outro que é luva cirúrgica, material para esterilização, seringa, e isso se repete todo dia", comentam eles, que frequentam o local há cerca de 10 anos.
A falta de materiais também foi apontada pelo técnico em enfermagem Francisco Brandão, de 56 anos e que trabalha no local há 30. "Pacientes que têm mais condições compram a própria gaze, seu micropore, às vezes até para outros que precisam", diz. Segundo ele, não é incomum casos de cirurgias serem suspensas por falta dos insumos necessários.
Funcionário do setor de Ergonomia, ele relata que conseguiu a doação de uma esteira em 2016, que seria capaz de testar pacientes com até 200 kg. O equipamento teria ficado, contudo, quatro meses parado por falta de verba para um técnico instalar o programa dos exames, o que, segundo ele, acabou sendo realizado voluntariamente por um médico. "Dizem que a verba chega, mas a gente não sabe o que é feito. Deveria haver uma auditoria dos gastos da direção", reivindica.
Voluntária há 12 anos no local, Esther Luchessi comenta que a espera de atendimento por horas já resultou na revolta e até agressões de pacientes. Há alguns meses, a aposentada Rosa Maria Aparecida da Silva, de 66 anos, diz, por exemplo, que teve que se exaltar para conseguir trocar o gesso quando quebrou o pé, pois, inicialmente, os profissionais que a atenderam queriam colocar o mesmo gesso após o terem retirado.
À espera de atendimento para a mãe, Maria Aparecida Rodrigues dos Santos diz não ter sido avisada sobre a impossibilidade de internação para casos que não são de urgência. "É preocupante. A minha mãe está com 97 anos e a gente depende exclusivamente de atendimento público. Se ela precisar ser internada e não for aqui, não sei o que vai ser da gente", relata.
Nesta sexta-feira, após a decisão de suspender as internações eletivas, houve redução de 40% no número de atendimentos em relação à quinta-feira, segundo a Unifesp. No ano passado, o hospital realizou 263.318 atendimentos de urgência e emergência - um aumento de 60% em relação ao ano de 2010. A universidade não comentou os relatos de precariedade e falta de insumos na unidade.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo informou que a unidade segue atendendo os casos mais graves e urgentes, com risco de morte, da região para o qual é referência. "Casos de menor complexidade e gravidade estão sendo regulados para outras unidades", informa a pasta. A Secretaria também esclarece que, em relação às cirurgias eletivas, os pacientes que já foram encaminhados para a unidade são de responsabilidade do hospital.
Priscila Mengue
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