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Novo estudo aponta que medicamentos para febre podem propagar gripe

Medicamentos contra a febre aumentam a propagação da gripe ao aumentarem a dispersão do vírus - Thinkstock
Medicamentos contra a febre aumentam a propagação da gripe ao aumentarem a dispersão do vírus Imagem: Thinkstock

Nicholas Bakalar

Do The New York Times

06/02/2014 07h05

Quando estão gripadas, as pessoas conseguem reduzir a febre e aliviar as dores no corpo tomando medicamentos como aspirina, paracetamol e ibuprofeno. Todavia, essa ação pode ter consequências indesejadas.

Usando projeções matemáticas, o novo estudo concluiu que medicamentos contra a febre aumentam a propagação da gripe ao aumentarem a dispersão do vírus e a interação entre pessoas infectadas e não infectadas.

A febre combate o vírus por meio da redução da sua capacidade de reprodução. Esse efeito é eliminado com a redução da febre, o que aumenta a taxa e o tempo de dispersão do vírus.

"Não estamos dizendo que as pessoas devam evitar esses medicamentos. Porém, esse efeito acontece quando os tomamos, embora não seja evidente", afirmou David J.D. Earn, autor sênior do estudo e professor de Matemática da Universidade McMaster, em Hamilton, Ontário.

Os autores do estudo, publicado no periódico "Proceedings of the Royal Society B", reconhecem que os números que forneceram são inexatos. Entretanto, eles estimam que seja possível evitar ao menos 700 mortes e muitos casos graves anualmente se esses medicamentos não forem utilizados.

"A mensagem real é clara. É melhor ficar e manter seus filhos em casa para não infectar as outras pessoas", afirmou Earn.

É o momento de adquirir um novo jaleco?

As novas recomendações de vestuário para os profissionais da saúde talvez representem o fim do jaleco branco dos médicos.

O grupo profissional Society for Healthcare Epidemiology of America, cuja missão é prevenir e controlar as infecções em áreas de atividade médica, publicou um guia com orientações sobre a vestimenta que o profissional de saúde deve usar fora da sala de cirurgia.

O artigo sobre controle de infecções e epidemiologia hospitalar sugere que, para minimizar o risco de infecções, os hospitais devam adotar como norma as vestimentas que deixam o antebraço descoberto, incluindo os jalecos de mangas curtas, e a proibição do uso de relógios de pulso, joias e gravatas durante o contato com os pacientes.

Os autores também recomendam que, caso não deixem de usar os jalecos, os médicos tenham ao menos dois, que devem ser usados alternadamente e lavados com frequência. Além disso, caso os jalecos sejam usados em outras ocasiões, os médicos devem ser estimulados a removê-los antes de se aproximarem dos pacientes.

Os autores salientam que essas recomendações estão mais baseadas na plausibilidade biológica de que as infecções são transmitidas pelas roupas do que em evidências científicas fortes, as quais são limitadas.

Principal autor do estudo, o Dr. Gonzalo Bearman, da Universidade da Comunidade da Virginia, afirmou que lavar as mãos, banhar os pacientes com sabonete antibacteriano e fornecer listas de controle para a inserção de acesso intravenoso são procedimentos que comprovadamente reduzem as transmissões.

"As vestimentas devem vir em seguida no grau de preocupação. Com a conscientização dos pacientes de que a vestimenta pode impactar as infecções hospitalares, os médicos passarão a dar mais importância ao asseio pessoal", afirmou.