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"Há risco zero" de ebola ter se espalhado em avião com infectado, dizem EUA

Do UOL, em São Paulo

30/09/2014 19h22

Após a confirmação do primeiro caso de ebola dentro dos Estados Unidos, o governo do país disse que está trabalhando para evitar a disseminação do vírus no país e que “há risco zero” do ebola ter sido transmitido ou se disseminado no avião que trouxe o homem infectado. 

O paciente seria um homem do Texas infectado na Libéria, que teria apresentado os sintomas já em território americano. Ele está em 'estrito isolamento' no Hospital Presbiteriano do Texas, em Dallas, desde o fim de semana, mas seu nome não foi divulgado.

Tom Frieden, diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês), que confirmou o diagnóstico, disse que o paciente deixou a Libéria em 10 de setembro e chegou aos EUA em 20 de setembro. O paciente procurou ajuda médica em 27 de setembro e foi colocado em isolamento no dia seguinte.

"É possível que alguém que tenha tido contato com esse indivíduo, como um familiar, possa desenvolver ebola nos próximos dias, mas não tenho dúvidas de que vamos parar por aqui. Não tenho dúvidas de que iremos controlar esta importação ou este caso de ebola, de forma que não se dissemine amplamente neste país", acrescentou Frieden.

Frieden enfatizou que o paciente não estava doente no momento da partida da Libéria ou no momento da chegada aos EUA, já que o vírus só pode ser transmitido por alguém que apresente sintomas da doença. Por isso, ele afirmou que não há risco de o vírus ter se espalhado no avião.

"Não há risco zero de transmissão no voo", disse Frieden. "Ele estava marcada para a febre antes de embarcar no vôo."

Autoridades de saúde já estão monitorando membros da família e amigos do homem infectado. 

Se surgirem casos suspeitos, as pessoas serão monitoradas por 21 dias, tempo em que o vírus pode permanecer incubado. Se os sintomas surgirem, a pessoa será automaticamente isolada.

Frieden disse estar confiante de que não haverá um surto de ebola nos EUA e que o foco é cuidar do paciente isolado.

"Agora a prioridade é curar o paciente e identificar todas as pessoas que tiveram contato com ele", disse. 

Ainda segundo Frieden, o homem foi à Libéria para visitar parentes. Ao ser questionado se se tratava de um cidadão americano, o porta-voz não respondeu.

"Ele se contaminou com a doença na Libéria", disse o porta-voz, acrescentando que não se trata de um funcionário da área de Saúde.

De acordo com o CDC, a família do doente está sendo questionada sobre o uso do tratamento experimental, a única medicação disponível, mesmo sem aprovação do CDC, para tratar doentes de ebola no mundo.

Segundo Zach Thompson, diretor do do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do Condado de Dallas, "todo mundo está se preparando para o pior e esperar o melhor".

Hospitais dos EUA receberam cinco infectados

Outros quatro americanos foram infectados pelo ebola na África e repatriados para receberem tratamento.

Um médico americano que trabalhava como voluntário em Serra Leoa foi internado para tratamento de uma unidade de isolamento do Instituto Nacional de Saúde, em Bethesda, Maryland, no domingo (28).

O Hospital da Universidade de Emory, em Atlanta, recebeu um médico americano infectado com o vírus na mesma unidade de isolamento onde os missionários Nancy Writebol e Dr. Kent Brantly foram tratados em agosto. Os três já receberam alta e estão clinicamente curados. Mas devem passar por exames e serem observados no futuro.

Epidemia na África

Pelo menos 3.091 pessoas morreram em decorrência do ebola desde a eclosão da epidemia no Oeste Africano em 2014.

A primeira vítima identificada nessa nova epidemia de eEbola foi um menino de dois anos de idade, contaminado na Guiné em dezembro de 2013. Os especialistas ainda não conseguiram determinar como ele contraiu o vírus, mas o periódico "New England Journal of Medicine" relata que o menor pode ter tido contato com um morcego contaminado. Esse animal é um hospedeiro natural do vírus do Ebola.

Desde então, a epidemia se espalhou rapidamente, afetando Serra Leoa, Libéria e Guiné. O sistema de Saúde desses países se encontra em colapso.

Há apenas uma semana, o CDC alertou que a epidemia pode alcançar 1,4 milhão de pessoas até janeiro de 2015, a menos que se aumente drasticamente o volume de recursos para seu controle.

(Com jornais internacionais)