Quando a queda de cabelo pode indicar que sua saúde vai mal?
Não se trata apenas de uma questão estética. Tampouco estamos falando só de autoestima. Quando dia após dia nosso cabelo cai para valer, é hora de ligar o alerta.
A queda de cabelo em si é corriqueira, já que diariamente perdemos cerca de cem fios. Eles aparecem no ralo do chuveiro ou ficam presos nas cerdas das escovas de cabelo: até aí, tudo bem. Quando, porém, percebemos que há muitos fios no travesseiro quando acordamos ou que o teclado do computador fica repleto de cabelos caídos, pode ser sinal de que há um problema de saúde.
"Cabelo caindo é sinal de que algo não vai bem", diz o tricologista e presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo Valcinir Bedin. Mas como saber se o tanto de cabelo que está caindo é normal ou não?
Para Bedin, há um "teste" rápido e eficaz, que consiste em passar a mão no cabelo e depois contar quantos fios ficaram presos entre os dedos. "Até cinco fios na mão é considerado normal. Mais que isso já é algo patológico", afirma.
São dois os principais motivos que levam à queda de cabelo, segundo ele: os fatores hormonais e os fatores metabólicos.
Quando temos alguma desregulação hormonal em glândulas como a hipófise, a tiroide (o hipotireoidismo e o hipertireoidismo) e as suprarrenais, o cabelo, de fato, pode cair. Alterações em glândulas como os ovários, os testículos e o fígado também podem levar à queda de cabelo.
Algumas alterações hormonais, como as ocorridas durante o ciclo menstrual das mulheres, não indicam alguma enfermidade mas também podem levar à queda de cabelo. Há, porém, um distúrbio endócrino, chamado de Síndrome do Ovário Policístico, que provoca alteração dos níveis hormonais, levando, entre outras coisas, à formação de cistos nos ovários. Nesse caso, a queda de cabelos também pode ocorrer, segundo Bedin.
Para ele, uma pessoa que tenha queda de cabelo acima do considerado comum, "não pode ficar negligenciando, esperando ele crescer, para quando descobrir [o motivo da queda], o cabelo já estar em um estágio difícil de tratar".
"Quando você perde um fio de cabelo, em até dez anos ele pode nascer novamente, de forma natural. Então teríamos o prazo máximo de dez anos para tentar fazer o tratamento, tentar interferir". Mas e se esse tratamento for negligenciado? "Aí, somente um transplante resolve".
Alterações metabólicas também podem causar queda de cabelo e a má alimentação é um dos principais motivos para que isso ocorra.
Boa alimentação, cabelos saudáveis
São duas as proteínas que formam o cabelo: a queratina --que dá a dureza, o formato, aos fios-- e a melanina, que dá a cor. "E proteína precisa de vitamina, sais minerais, aminoácidos, que são encontrados em alimentos. Logo, uma dieta muito rígida, excludente, pode levar à queda de cabelo", frisa o tricologista, que coloca o ferro e as vitaminas do complexo B como nutrientes essenciais para a boa saúde capilar.
"O ferro 'abre o caminho' para os outros nutrientes entrarem na célula que faz o cabelo. Então se você não tiver ferro o suficiente, estes nutrientes não vão entrar nas células do cabelo", explica. Quanto às vitaminas do complexo B, elas são "essenciais" para a produção da queratina.
O consumo de carnes vermelhas, ovos, frutos do mar e leite, segundo o presidente da Sociedade Brasileira do Cabelo, pode garantir os nutrientes necessários para que a pessoa mantenha o bom funcionamento do metabolismo e não venha a ter queda de cabelo.
O "tempo de vida" de um fio de cabelo é de seis a sete anos e que ele cresce, em média, 1,2 centímetros por mês.
Existem doenças autoimunes, ou seja, que afetam a imunidade da pessoa e ataca o organismo, "que também interferem no metabolismo do corpo" e levam à perda de cabelo. Além do lúpus, doença que faz com que o cabelo caia em grande quantidade, em tufos, Valcinir Bedin coloca, também, nesta lista a artrite reumatoide e a tiroidite de Hashimoto.
A inflamação dos folíolos capilares também leva à queda e a causa, aí, pode se dar por ação de fungos como o Microsporum spp e o Trichophyton spp. A doença, chamada de "tinha do couro cabeludo" (ou tinea capiris), pode ser tratada com antifúngicos.
Causas emocionais
Causas como o estresse também podem ocasionar a inflamação dos fios de cabelo, levando à queda. Uma das enfermidades mais conhecidas ligadas a causas emocionais é a alopecia areata, uma das vertentes da doença.
A alopécia areata faz com que pequenas áreas circulares de cabelo --ou de pelos localizados em outras áreas-- caiam. Trata-se de um processo inflamatório na área da raiz do cabelo cuja causa, segundo o tricologista Valcinir Bedin, ainda não foi elucidada pela ciência --sabe-se, contudo, que fatores emocionais desencadeiam tal queda.
O cabelo, nesse caso, tende a voltar a crescer naturalmente, mas existem tratamentos à base de corticoides para a doença --com injeções ou aplicação de cremes que podem acelerar o crescimento do cabelo. O maior impacto da enfermidade acaba sendo psicológico, pois a perda de cabelo pode abalar a autoestima.
Para o patologista Juliano Schmitt, "existe uma conexão bem evidente entre os sistemas nervoso, imunológico e endocrinológico". Ele lembra que "estresse gera aumento do cortisol, que é um hormônio que vai alterar o metabolismo de algumas glândulas do corpo", fator que pode, como vimos, desencadear a queda de cabelo.
Ainda sobre causas emocionais, no caso, a depressão, muitas vezes é o remédio utilizado pelo paciente em seu tratamento que pode impactar na queda de cabelo. Bedin cita os medicamentos psicotrópicos, usados na psiquiatria como exemplos. "Eles interferem na entrada dos nutrientes do cabelo. Impedem os nutrientes de agir adequadamente", afirma.
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