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Mãe agradece pediatra do SUS que ninou seu filho e história viraliza

A jornalista Raphaela Mendes ao lado do marido e do filho de dois anos e meio  - Arquivo pessoal
A jornalista Raphaela Mendes ao lado do marido e do filho de dois anos e meio Imagem: Arquivo pessoal

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

31/08/2017 16h04

Mesmo tendo plano de saúde, a carioca Raphaela Mendes, 31, viu-se obrigada a levar o filho na rede pública de saúde. Sem a carteirinha e os documentos do pequeno, que estava com uma febre de 40ºC, a jornalista partiu para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) próxima a sua casa, na zona norte do Rio de Janeiro, imaginando o pior dos mundos. E foi surpreendida por um atendimento "maravilhoso".

Vanderlei Candido Poiares foi o pediatra que não só medicou seu filho de dois anos e meio, como pegou Theo no colo e o ninou para que o pequeno parasse de chorar. "Eu e meu marido ficamos de boca aberta só observando aquela cena", conta a carioca, que confessa que tinha "receio" do atendimento no sistema público. 

Ao fim da consulta, Poiares ainda se direcionou aos pais de Théo e os aconselhou: "a única coisa que nunca é demais na criação dos filhos é amor. O amor cura as pessoas". A jornalista saiu da unidade de saúde com os olhos cheios de lágrimas e com a sensação de que não poderia deixar essa história ser esquecida.

Publicou no seu Facebook um texto detalhando aquela inusitada consulta. O post teve mais de 14 mil compartilhamentos e 700 comentários.

O médico, que não está na rede social, ficou sabendo por colegas das unidades públicas (estaduais e federais) em que trabalha, atendendo cerca de 40 crianças por dia.

"Não sabia se iria ver aquele médico novamente, mas precisava agradecer tudo que tinha feito ao meu filho. Queria retribuí-lo de alguma forma", relatou a mãe. Ela que sempre frequentou a rede de saúde privada disse nunca ter se sentido tão acolhida por um médico e lamentou que casos como esse, que deveriam ser o comum a todos os médicos, sejam exceções. 

Quando um filho está doente, a gente já chega no hospital no desespero. Nos conforta ser recebido com tanto respeito, carinho e atenção."

A jornalista descreve a maioria das consultas como mecânica. "Ainda mais quando se trata de criança, é preciso um atendimento mais personalizado e humanizado."

"Como se fossem meus netos" 

Poiares ficou sabendo do post pelo grupo de WhatsApp de uma das unidades de saúde em que trabalha e disse ter ficado lisonjeado com a homenagem.

Pediatra - Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal
O pediatra Vanderlei Candido Poiares atende cerca de 40 crianças por dia na rede pública do Rio de Janeiro
Imagem: Arquivo Pessoal

"Só fiz o que faço há 45 anos de profissão. Mas não há como negar que esse tipo de coisa eleva a nossa autoestima e nos motiva ainda mais", afirma o pediatra, que ficou surpreso em ver no mesmo post o depoimento de outros pacientes, alguns até de 20 anos atrás, conta. 

Para ele, o segredo de um bom atendimento é adicionar ao diagnóstico técnico muito amor e carinho.

Trato todos os meus pacientes como se fossem meus netos."

Segundo ele, as crianças precisam enxergar o médico como um amigo. "E não há pai no mundo que não se sinta bem ao ver ser filho sendo tratado bem", acrescentou.

O pediatra é pai de dois filhos e diz ter se inspirado em seu médico de infância. "Ele sempre estava alegre e disposto, me transmitindo sempre muita tranquilidade", relembra o pediatra, que decidiu ter escolhido a especialidade por gostar de crianças e pela oportunidade de se dedicar não a um órgão, mas a um corpo inteiro. 

"É muito bom ouvir de um paciente: 'estava torcendo para o senhor estar de plantão hoje'."

O que se sabe é que o pediatra ganhou um novo paciente. Raphaela diz que a partir de agora seu filho Theo vai frequentar a UPA com regularidade. "Faço questão de o meu filho crescer com o acompanhamento de Poiares."