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Multidão traz riscos à saúde e dá até para pegar doença do beijo sem beijar

Saiba como se proteger durante a festa e evitar pegar conjuntivite, hepatite e outras doenças - Pilar Olivares/ Reuters
Saiba como se proteger durante a festa e evitar pegar conjuntivite, hepatite e outras doenças Imagem: Pilar Olivares/ Reuters

Larissa Leiros Baroni

Do UOL, em São Paulo

10/02/2018 04h00

A multidão de foliões durante o Carnaval traz alguns riscos para saúde que vão além dos ligados ao beijo na boca. Se você não tomar alguns cuidados pode pegar conjuntivite, hepatite e leptospirose, por exemplo.

"Quanto maior o número de pessoas reunida, maiores os riscos de transmissões das mais variadas doenças", afirma Ralcyon Teixeira, médico infectologista e supervisor do pronto-socorro do Instituto Emílio Ribas. Teixeira diz ser comum o aumento no número de pessoas que procuram atendimento médico no pós-Carnaval. "Os riscos tendem a ser ainda maiores em ambientes fechados", acrescenta Alexandre Naime Barbosa, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia e professor da Unesp (Universidade Estadual Paulista).

Veja abaixo algumas das doenças que são favorecidas pela aglomeração de pessoas e saiba como evitá-las:   

1. Transmitidas por gotículas

A gripe e o resfriado são as principais doenças desse tipo de transmissão, mas não as únicas. Os especialistas também apontam para a possibilidade de os foliões pegarem coqueluche [infecção do trato respiratório], difteria [infecção grave do nariz], caxumba [infecção das glândulas salivarias], rubéola e meningocócica --a mais graves das opções, já que é a responsável pela meningite. 

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E basta cantar, falar ou até mesmo respirar para que todas essas doenças possam ser transmitidas. Até poder ser difícil distinguir no meio da multidão quem está ou não infectado, mas não custa nada evitar [ou no mínimo manter a distância] de quem aparenta estar gripado ou resfriado. Evitar o compartilhamento de copos e canudos também é recomendado.

2. Transmitida por aerossol

Um tipo de transmissão --que ocorre por meio da tosse, respiração ou da fala-- bem menos frequente, mas não impossível. Incluem a tuberculose, varicela [mais conhecida como catapora] e sarampo. Em lugares fechados, tendem a ter um potencial de propagação maior.

3. Transmitida pelo contato

É neste tipo de transmissão que está uma das principais vilãs do Carnaval: a conjuntivite. A inflamação da conjuntiva [parte que recobre a parte branca do olho] se propaga muito fácil e a multidão favorece essa propagação. Uma pessoa infectada pode ter coçado o olho e, sem perceber, ter cumprimentado com um aperto de mão.

As mãos não higienizadas --que acabam levando diversas bactérias para dentro do organismo a partir da boca e do olho-- também podem favorecer doenças como hepatite A, gastroenterite, salmonela e rotavírus. Para minimizar os riscos dessas infecções, é importante passar álcool em gel na mão não só na hora que for usar o banheiro químico. Que tal de tempos em tempos higienizar a mão? Não custa nada.

4. Transmitidas pelo beijo

São conhecidas como as doenças do beijo [citomegalovirose e mononucleose infecciosa], mas que não são só transmitidas pelo beijo. Uma conversa ao pé do ouvido ou a uma distância de até um metro já é suficiente. E a música alta, característica do Carnaval, favorece essa aproximação. O compartilhamento de copos e canudos também pode ser um meio de transmissão desses vírus, que pode causar dor de garganta, febre alta e gânglios no pescoço, além da elevação do volume do baço e do fígado.

Incluem ainda todas as doenças transmitidas por gotículas, além da cárie, da gengivite, da periodontite [infecção gengival] e da herpes labial --considerada a mais comum nesse tipo de transmissão.

Sexo e alimentação

Nunca é demais falar sobre o uso de preservativos nas relações sexuais. Os ricos do sexo desprotegido vão muito além de uma gravidez indesejada. Há a exposição a uma série de doenças sexualmente transmissíveis --HIV, Hepatite B e C, Herpes, Sífilis, HPV entre outras.

É importante ficar atento a tudo que for comer ou beber durante o Carnaval. Fique atento a garrafinhas de água falsificadas [observe sempre se o lacre está intacto], que podem ser reabastecidas com águas de uma procedência duvidosa podendo até ser fonte de transmissão da Hepatite A.

É bom prestar atenção também com a água e o gelo que refrigeram as bebidas que vai comprar. Na dúvida, é sempre bom recorrer ao álcool em gel, passando no topo da latinha antes de colocar a boca no local. Essa simples ação pode te livrar até de contrair uma leptospirose [doença bacteriana transmitida pela urina de ratos]. Isso porque ratos são comuns em depósitos e o xixi do animal --mesmo seco-- infecta o objeto por até 8 meses. 

Também é recomendado selecionar muito bem o que vai comer para evitar gastroenterites [infecção intestinal marcada por diarreia, cólicas, náuseas, vômitos e febre].