MG anuncia 1ª suspeita de coronavírus no país; Ministério da Saúde rebate
Resumo da notícia
- Secretaria de Saúde de MG confirmou 1ª suspeita de coronavírus no Brasil
- Ministério da Saúde rebateu afirmando que o caso não deve ser enquadrado como suspeito
- Paciente de 35 anos retornou da China no último dia 18 e está no Hospital Eduardo de Menezes, em BH
A Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais confirmou, na tarde de hoje, a primeira suspeita no Brasil de infecção por coronavírus, responsável por ao menos 17 mortes na China. Segundo a pasta, uma paciente brasileira de 35 anos, que voltou do país asiático para Belo Horizonte no último sábado (18), apresentou sintomas "compatíveis com a doença respiratória viral aguda".
Pouco depois da divulgação da nota, o ministério da Saúde afirmou que, até o momento, "não há detecção de nenhum caso suspeito no Brasil de Pneumonia Indeterminada relacionado ao evento na China".
Por que a secretaria de MG fala em suspeita de coronavírus
Para o governo mineiro, o caso é motivo de alerta por que a paciente apresentou sintomas compatíveis com o coronavírus após voltar da China.
"Tendo em vista o contexto epidemiológico atual do país onde a paciente esteve, foi considerada a hipótese de doença causada pelo novo coronavírus, que é micro-organismo de alerta sanitário internacional, considerando o potencial pandêmico com alto risco à vida e impacto assistencial", diz o comunicado publicado pela secretaria.
Por que o Ministério da Saúde rebate?
Para o ministério em Brasília, o caso revelado pela secretaria de MG não se enquadra como suspeita de definição da OMS (Organização Mundial da Saúde). A organização afirma que, nas atuais circunstâncias, só há possibilidade de transmissão ativa do vírus na cidade de Wuhan.
A secretaria de Minas afirma que a paciente "relatou que não esteve na região de Wuhan [onde foi registrado o primeiro hospedeiro do vírus] e que também não teve contato com pessoa sintomática na China.
Paciente está internada
O governo de Minas Gerais afirma que "os exames capazes de confirmar ou descartar a hipótese diagnóstica encontram-se em andamento em laboratórios de referência".
Apesar de não apresentar sintomas graves, diz a secretaria, a paciente foi conduzida para o Hospital Eduardo de Menezes.
Infectologistas falam em possibilidade de doença chegar ao país
Para os infectologistas ouvidos pelo UOL, a relativa facilidade de viajar ao exterior cria possibilidades de o vírus chegar ao Brasil.
"Se precisar viajar à China, é preciso evitar a cidade foco e sempre usar máscaras. Os governos devem monitorar as pessoas com quem o infectado entrou em contato. Isso é difícil porque muita gente viaja", explica a médica infectologista Joana D'arc Gonçalves da Silva.
Antes do primeiro caso suspeito ser revelado hoje, o ministério da Saúde afirmou que enviou comunicado à Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) em portos e aeroportos para que viajantes sejam orientados sobre os cuidados em viagens ao exterior, principalmente nos aeroportos com conexões para a China. As secretarias de Saúde de estados e municípios também foram notificados pelo ministério.
O que é o coronavírus?
O coronavírus pertence a uma família viral com alto poder de infectar humanos. Até a descoberta dessa nova cepa, a 2019-nCoV, os cientistas haviam detectado apenas seis delas. A Sars, por exemplo, foi causada por um coronavírus.
"A família do corona recebe esse nome porque tem um envelope com proteínas que parece uma coroa. É uma família porque existem várias espécies dentro dela que infecta humanos e animais", explica a infectologista e professora na Escola Paulista de Medicina da Unifesp, Nancy Bellei.
O que o coronavírus faz?
Os sintomas variam: pode causar apenas um resfriado, provocar tosse, evoluir para febre forte e dificuldade para respirar. Em seu estado mais grave, leva à morte. A professora explica que, assim como a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave que, entre 2002 e 2003, matou pelo menos 650 pessoas na China e em Hong Kong), o novo coronavírus parece mais letal em idosos e doentes.
"Muitos desses vírus novos não têm uma eficiência de transmissão entre humanos para se estabelecer como um vírus que vai ficar por aí, como o Influenza", diz Nancy. "A Sars foi grave, mas é uma doença que acabou desaparecendo."
Como se transmite o coronavírus?
"O coronavírus é semelhante ao vírus da gripe porque infecta animais, que transmitem o vírus ao ser humano", explica Joana D'arc. "Em seguida, a infecção é de pessoa para pessoa por meio da secreção, tosse, ar e objetos contaminados."
Ela explica que essa nova cepa "pode ser mais agressiva" porque o vírus ainda está se adequando ao organismo humano. "Isso é muito complicado para o tratamento e para a criação de uma vacina."
Como a doença surgiu
A nova cepa provavelmente chegou aos humanos por meio de algum animal selvagem, como aconteceu à Sars, transmitida pelo gato-de-algália.
As principais suspeitas recaem sobre morcegos, coelhos, cobras, galinhas e até mamíferos aquáticos. Esses animais são comercializados vivos em um mercado público de Wuhan, de onde as autoridades desconfiam que o vírus tenha saído.
Joana diz que encontrar o animal transmissor "é importante por questões epidemiológicas". "Conhecer o animal é importante para fazer a vigilância ambiental na natureza, em zoológicos e onde as pessoas manipulam alimentos", afirma.
O vírus foi identificado pela primeira vez em Wuhan, uma cidade chinesa com 11 milhões de habitantes. Até agora, 400 pessoas foram infectadas, segundo o último boletim divulgado pelas autoridades chinesas.
Como se prevenir da infecção pelo coronavírus?
"Geralmente o contato entre pessoas é a forma mais frequente de transmissão", diz Joana. "É comum a gente tocar a boca, o nariz e depois cumprimentar as pessoas."
Por isso, algumas dicas são:
- Não entrar em contato com quem sofre de infecções respiratórias
- Evitar contato com animais selvagens ou doentes
- Lavar as mãos frequentemente -- você pode ter entrado em contato com doentes sem saber
- Use álcool gel para limpar a superfície dos móveis e objetos
Como se cuidar em caso de infecção?
Joana recomenda o uso de máscaras cirúrgicas e sua troca a cada duas horas. "Quando tossir ou espirrar, use um papel e o descarte em seguida. As mãos não impedem a dispersão do vírus e o lenço de pano por ser reutilizável", afirma Joana. Ela também pede que o paciente se recolha para evitar contágio e procure ajuda médica.
Segundo a professora da Unifesp, ainda não há um tratamento para a doença, "assim como o resfriado comum também não tem". "Para os pacientes graves, se faz tratamento de suporte: hospitalização, oferta de oxigiênio e UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com ventilação mecânica até que o organismo se livre do vírus. É como a gente faz com a dengue. O importante é procurar rapidamente o sistema de saúde."
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