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Aviões da FAB devem buscar 29 pessoas que estão na China e desejam voltar

No grupo, há quatro chineses parentes de brasileiros e pelo menos sete crianças, segundo informou o chanceler Ernesto Araújo - Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
No grupo, há quatro chineses parentes de brasileiros e pelo menos sete crianças, segundo informou o chanceler Ernesto Araújo Imagem: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Anaís Motta e Luciana Amaral

Do UOL, em São Paulo e Brasília

04/02/2020 18h36Atualizada em 04/02/2020 22h57

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, anunciou hoje o governo brasileiro vai enviar duas aeronaves para buscar 29 pessoas (entre brasileiros e seus familiares chineses) que estão em Wuhan, na China, cidade epicentro da epidemia de coronavírus. O grupo, que inclui ao menos sete crianças, deve chegar na madrugada de sábado (8) e desembarcará na Base Aérea de Anápolis, em Goiás, onde terá que ficar em quarentena.

A repatriação será feita utilizando dois aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) de reserva da Presidência da República, que vão partir de Brasília amanhã, às 12h. Além da tripulação, os aviões levarão uma equipe do Instituto de Medicina Aeroespacial da FAB e uma médica do Ministério da Saúde.

O uso de duas aeronaves é necessário, segundo o governo, para dar mais espaço entre os passageiros. Os aviões contam com 30 lugares cada um, mas a ideia é que sejam transportadas 15 pessoas por avião, disse o ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva.

O chanceler brasileiro afirmou ainda que há espaço nos voos para aqueles que ainda não manifestaram o desejo de voltar. A única condição é que a embaixada brasileira em Pequim seja avisada da mudança até 24 horas antes da chegada dos aviões à China.

Os aviões são do modelo Embraer 190 e farão a seguinte rota: Brasília - Fortaleza - Las Palmas (Espanha) - Varsóvia (Polônia) - Ürümqi (China) - Wuhan (China). O mesmo trajeto será adotado para a volta, no sentido inverso. A diferença é que os aviões seguirão de Fortaleza direto para Anápolis, e não para Brasília.

À noite, no Twitter, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) comentou sobre o processo de retirada dos brasileiros e familiares de Wuhan, agradeceu ao governo chinês e manifestou sua solidariedade ao país asiático no combate à epidemia.

Como será a quarentena

Todas as pessoas trazidas de Wuhan deverão cumprir quarentena de 18 dias, e não 14, como normalmente acontece. A decisão, segundo o ministro Fernando Azevedo e Silva (Defesa), foi tomada por Luiz Henrique Mandetta (Saúde) por segurança.

Nesta terça-feira, o governo brasileiro encaminhou aos brasileiros da cidade chinesa um questionário com normas sobre o retorno do grupo.

De acordo com o questionário do governo brasileiro, os repatriados ficarão em quartos individuais, exceto em caso de famílias. Eles não terão direito a receber visitas e deverão permitir que sejam feitos exames de seus dados vitais três vezes ao dia.

Também deverão permitir a coleta de amostras respiratórias na chegada ao Brasil e no décimo quarto dia. O governo também frisou que não arcará com a passagem de volta para os brasileiros que quiserem voltar à China.

Questionado sobre uma possível proibição de atracagem de navios provenientes da China, Azevedo e Silva não soube responder. "Sobre o problema dos navios chineses, eu não tenho [informações]", disse.

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Informações desencontradas

Ontem, ao ser questionado sobre o assunto, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que as aeronaves que iriam à China seriam escolhidas por meio de licitação. Ele também disse que o texto do governo a ser enviado ao Congresso Nacional para reforçar a legislação sanitária e epidemiológica brasileira seria por meio de Medida Provisória.

Nenhuma das afirmações se concretizou. As aeronaves escolhidas acabaram sendo as da FAB e o texto enviado hoje ao Congresso foi um projeto de lei com as "medidas sanitárias para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus".

Mais cedo, o governo federal também decretou emergência sanitária em razão do surto de coronavírus no mundo. Com a emergência, o Brasil chega ao nível 3 de alerta em relação à doença.

Essa medida não tem a ver com a gravidade da situação no País, mas com a necessidade de resgatar brasileiros na cidade de Wuhan, na China, principal foco do coronavírus.

Hoje, o Brasil está sem casos confirmados de coronavírus e com 13 casos suspeitos, informou o Ministério da Saúde. Em todo o mundo, o surto já deixou 425 mortos e mais de 20 mil pessoas infectadas.