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Governo brasileiro anuncia R$ 140 milhões em insumos contra coronavírus

Coronavírus - Getty Images
Coronavírus Imagem: Getty Images

Eduardo Militão

Do UOL, em Brasília

05/02/2020 16h24

O governo federal informou hoje que vai abrir licitação para comprar aproximadamente R$ 140 milhões em insumos médico-hospitalares para enfrentar qualquer risco de contaminação por coronavírus no país.

Além disso, os 1.000 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) anunciados anteriormente deverão custar cerca de R$ 20 milhões a R$ 30 milhões por mês.

As informações foram prestadas em entrevista coletiva pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabardo dos Reis, e o diretor de Imunização e Doenças Transmissíveis da pasta, Júlio Croda.

Entre os insumos estarão equipamentos de proteção, como máscaras, luvas e óculos para utilização de pacientes e profissionais de saúde.

Gabardo e Reis disseram que a compra vai acontecer mesmo que o surto mundial da doença, cujo epicentro está na China, não se espalhe no país. Se não forem utilizados, os materiais permanecerão úteis à rede pública do Brasil.

Em relação às UTIs, Gabardo disse que o valor de R$ 20 a R$ 30 milhões será gasto à medida que for necessário.

Ele contou ao UOL que os leitos serão novos, mas que sua manutenção será paga pelo governo federal. Depois de um período ainda não definido, que pode ser de um ano, os leitos serão doados às unidades de saúde estaduais, que arcarão com sua operação. "É um leasing", comparou.

O número de casos suspeitos de coronavírus caiu para 11. É o que mostra balanço do Ministério da Saúde divulgado hoje, em Brasília. Ontem eram 13 casos suspeitos. Na última segunda-feira (3), 16.

O Brasil não registrou nenhum caso até agora, apesar do surto mundial da doença. Hoje, havia 21 casos descartados.

O país organiza uma missão de resgate de 34 pessoas, incluindo brasileiros e familiares deles que são estrangeiros, que moram em Wuhan, cidade da China que é o epicentro mundial do coronavírus. Os aviões para fazer o resgate decolaram hoje.

Júlio Croda disse que, dos casos descartados, praticamente metade era de gripe, as chamadas influenzas "A" ou "B".

Países pedem ajuda ao Brasil

Alguns países terão apoio do Brasil no enfrentamento ao surto. O Paraguai solicitou ajuda para realizar exames e identificar o novo vírus.

Oito países receberão treinamento no Brasil, entre eles Argentina, Colômbia, Paraguai, para aprenderem a fazer os testes para diagnosticar ou descartar a contaminação pelo novo vírus.

Com a coordenação da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o curso vai acontecer amanhã e na sexta-feira (7), na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Duas aeronaves estão à disposição em Anápolis

O resgate de brasileiros na China deve retornar ao Brasil entre a madrugada e a manhã de sábado (8), na base aérea de Anápolis. Lá, ficarão em quarentena por 18 dias.

A coordenação do trabalho não é do Ministério da Saúde, mas da Defesa. "O Ministério da Defesa é quem coordena a operação e a quarentena", explicou Croda hoje. "Em alguns momentos, o Ministério da Defesa tem nos solicitado apoio. A gente verifica se esses protocolos atendem às recomendações."

Croda reforçou que brasileiros com sintomas da doença não embarcarão no avião na China com destino ao Brasil. Mas caso apresentem sinais durante a viagem, os profissionais de saúde das Forças Armadas já possuem um protocolo para a situação.

Se a quarentena identificar um brasileiro com coronavírus em Anápolis, duas aeronaves estarão à disposição para trazê-lo para o Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, a 150 quilômetros de Anápolis. Hoje, uma fonte ligada à Aeronáutica contou ao UOL que uma das aeronaves é um helicóptero.

Mas segundo Croda, não bastarão simples sintomas do vírus para a transferência ser decretada. Deverá haver uma análise clínica em Anápolis para confirmar a doença antes de a remoção ser definida. "Se um brasileiro em quarenta em Anápolis apresentar sintomas, isso não quer dizer que ele será transferido."