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Brasil pode receber mais de 8 mil pessoas de área de risco do coronavírus

Alex Tajra

Do UOL*, em São Paulo

26/02/2020 19h35Atualizada em 27/02/2020 13h47

Resumo da notícia

  • Na próxima semana, aeroportos receberão 31 voos diretos da Itália
  • País se tornou principal foco do novo coronavírus na Europa
  • Até o momento, são 400 casos confirmados e 12 mortos
  • Brasil detectou 1º caso do novo coronavirus em um homem que viajou ao país
  • Anvisa aumentou a intensidade no monitoramento dos voos internacionais

O Brasil pode receber, nos próximos dias, até 8,5 mil passageiros de voos originários da Itália — país que se tornou principal foco do novo coronavírus na Europa, com 400 casos confirmados e 12 mortos até esta quarta. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) já informou que pretende monitorar os voos provenientes de países que têm casos confirmados do covid-19.

Levantamento da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) realizado a pedido do UOL mostra que, nos próximos sete dias, os aeroportos brasileiros receberão 31 voos diretos da Itália.

O cálculo do número de passageiros tem como base a quantidade de assentos disponíveis em cada voo. As empresas aéreas, por questões estratégicas, não divulgam o número de bilhetes vendidos nos trechos. No ano passado, o Brasil recebeu 354,6 mil passageiros que vieram da Itália, segundo dados da Anac.

O Ministério da Saúde confirmou na manhã de ontem o primeiro caso confirmado do covid-19 no país: um homem de 61 anos que viajou para a Lombardia, no norte da Itália, e passou por exames no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

A região, que engloba a capital Milão, é considerada a mais crítica em relação ao novo coronavírus e já registrou 258 casos da doença. Ao todo, nove regiões do país foram afetadas.

Até o momento, o Brasil tem 20 casos suspeitos do novo coronavírus — ao menos 12 deles são pessoas que vieram da Itália.

A maior parte dos voos (21) que aterrizarão no Brasil vêm de Roma, operados pela empresa Alitalia. Já os operados pela Latam (10) partem do Aeroporto Internacional de Malpensa, em Milão, no norte do país.

Procurada pela reportagem, a Latam informou que "todos os voos seguem programados e operando normalmente" e que "está preparada para ativar o protocolo da Anvisa se houver suspeita de enfermidade infectocontagiosa a bordo de qualquer um de seus voos".

A GRU Airport, concessionária que administra o Aeroporto Internacional de Guarulhos — que receberá o maior número dos voos vindos da Itália — informou que a rotina de voos não mudou após a confirmação do caso do novo coronavírus no Brasil.

Desde a confirmação do primeiro caso do covid-19 no Brasil, a Anvisa aumentou a intensidade no monitoramento dos voos internacionais que têm como origem países onde há casos da doença.

Na segunda-feira (24), o ministério da Saúde dobrou o número de países que estão na lista de alerta para o novo coronavírus. Itália, Alemanha, França, Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes entraram na lista do governo federal para monitoramento.

No caso específico do voo que trouxe o brasileiro infectado, a agência solicitou à empresa aérea a lista de passageiros; esse documento será entregue ao Cievs (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) para investigação de outras possíveis contaminações.

A Anvisa também estabeleceu orientações às companhias aéreas e aos funcionários dos aeroportos no caso da detecção de algum caso suspeito.

De acordo com a agência, cabe ao comandante do voo comunicar à autoridade sanitária se há alguma suspeita de contaminação entre os passageiros.

"Também é responsabilidade do comandante a adoção de medidas para isolar a pessoa dos demais viajantes", diz a Anvisa em nota.

Além disso, também caberá aos operadores das aeronaves:

  • Fornecer a lista de viajantes com as informações solicitadas pela autoridade sanitária;
  • Acompanhar o passageiro isolado, com suspeita de caso, até o hospital referenciado, quando necessário e conforme orientação da autoridade sanitária;
  • Apoiar a autoridade sanitária na comunicação junto aos viajantes;
  • Impedir o embarque do caso detectado no momento do check-in ou nos portões de embarque, informando ao COE (Centro de Operações de Emergências) dos aeroportos para que sejam adotadas as medidas necessárias.
Qualquer caso suspeito, em qualquer área do aeroporto, seja de um passageiro, tripulante ou qualquer outra pessoa, deverá ser informado ao Coe. Caberá ao órgão acionar o serviço médico do aeroporto e informar a Anvisa sobre o caso. Também é de responsabilidade do Coe comunicar a Receita Federal, a Polícia Federal e a Vigilância Agropecuária Internacional quando o caso estiver em área restrita no aeroporto.

Viagem, só se necessária

Mais cedo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que os brasileiros devem ter "bom senso" ao programar a ida a países no exterior que concentram casos do coronavírus e devem realizar apenas viagens que sejam necessárias.

Para o ministro, no caso de viagens de negócios ou em outros compromissos inadiáveis, é aconselhável seguir procedimentos de higiene que ajudam a prevenir o contato com o vírus, como lavar as mãos e evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.

"Se for para negócios, se for para relações comerciais, não deixe de fazer. Vá e tome esses cuidados de higiene, sabendo que é uma gripe e que na grande maioria dos casos, mais de 97%, 98% dos casos, daqueles poucos comparativos à população que pegam essa gripe, evoluem muito bem obrigado, saem muito bem e vivem sua vida normalmente como se nada tivesse acontecido", disse o ministro.

*Com informações da Agência Estado