Coronavírus: Irã soltou presos, Itália isolada, vizinhos fecham fronteiras
Resumo da notícia
- Única maneira de conter pandemia é pelo isolamento e restrição de movimentação
- Para especialistas, Brasil demorou para tomar medidas restritivas nas portas de entrada do país
- China e Itália restringiram o trânsito da população
- O governo do Irã anunciou libertação de aproximadamente 85 mil detentos
Autoridades de saúde pública e infectologistas de todo o mundo concordam que, por enquanto, a única maneira de conter a pandemia do novo coronavírus é fazer com que as pessoas fiquem em casa e restrinjam sua movimentação pelo espaço público.
China e Itália restringiram o trânsito da população, isolando a província chinesa de Hubei e o norte italiano — posteriormente, o estado de isolamento se espalhou para todo o país europeu.
Além disso, as autoridades de Roma proibiram visitas em presídios para evitar o contágio dos detentos, o que ocasionou rebeliões em pelo menos 22 penitenciárias — de Salerno, Nápoles, Alexandria, Foggia, Frosionone, Modena, Palermo, Pavia, Roma e Milão. A imprensa italiana estimou que cerca de 6 mil presidiários se rebelaram.
No Brasil, medidas parecidas têm ocasionado resultados similares.
No estado de São Paulo, houve fuga em massa de detentos nesta segunda-feira (16), após decisão da Corregedoria Geral da Justiça de suspender a próxima saída temporária dos presos a fim de conter o avanço da epidemia de coronavírus, e rebeliões ocorreram em presídios de Mongaguá, Taubaté, Sumaré, Porto Feliz e Mirandópolis.
O governo do Irã, um dos países mais atingidos pela epidemia, anunciou nesta terça (17) a libertação de aproximadamente 85 mil detentos, incluindo presos políticos, em uma tentativa de evitar que o coronavírus se espalhe por meio do sistema prisional — outros 70 mil presidiários já haviam sido libertados pelas autoridades de Teerã.
De acordo com a agência Reuters, o relator especial da ONU para direitos humanos no Irã, Javaid Rehman, pediu a libertação temporária dos presos políticos das "prisões superlotadas e infestadas de doenças", para evitar sua infestação por coronavírus.
Na opinião da infectologista Raquel Muarrek, as autoridades de saúde iranianas devem ter detectado a presença do coronavírus nas penitenciárias para ter tomado essa decisão — que, segundo a médica, é efetiva, já que evita o contato direto ao qual as pessoas são submetidas em um ambiente fechado. "Deve ter tido algum caso lá."
Já o infectologista Paulo Olzon afirmou ao UOL que, a princípio, teria sido mais eficaz restringir as visitas nos presídios, como ocorreu na Itália, para evitar a contaminação dos detentos. "Se saíssem temporariamente e depois voltassem, pegariam coronavírus na rua", explica.
Muarrek elogiou medidas de restrição de movimentação, como a recomendação para que as pessoas evitem sair, enfatizando que "não há tratamento, não há vacinação e, quando não temos nenhum dos dois, temos que ficar em casa".
Olzon afirmou que o fechamento de fronteiras, no Brasil, "seria tapar o sol com a peneira", dada a porosidade e a dimensão da fronteira terrestre brasileira, a terceira maior do mundo, com quase 17 mil quilômetros.
Em portos e aeroportos do Brasil, porém, na opinião do infectologista, seria possível aferir as temperaturas de todos os passageiros, como medida de contenção da epidemia.
Muarrek afirmou que, no Brasil, as autoridades demoraram para tomar medidas restritivas nas portas de entrada do país, e criticou o fato de aglomerações de pessoas terem ocorrido neste último fim de semana — em eventos políticos, praias, bares e restaurantes.
"O Brasil demorou para tomar medidas restritivas", disse a infectologista, que se mostrou pessimista em relação à evolução da epidemia no país.
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