Funcionários relatam falta de álcool gel e luvas em hospitais de São Paulo
Resumo da notícia
- Funcionários de quatro hospitais públicos da capital paulista relatam escassez de álcool gel, máscaras e luvas
- A Organização Mundial da Saúde (OMS) trata o uso desses insumos como fundamental para os profissionais dos hospitais no contato direto com pacientes
- A Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo diz que "a denúncia não procede. Todos os hospitais citados pela reportagem possuem insumos"
- O Hospital das Clínicas da FMUSP diz possuir "todos os insumos, incluindo álcool gel, máscaras e luvas para os profissionais"
Funcionários de quatro hospitais públicos da cidade de São Paulo relataram escassez de materiais como álcool gel, máscaras e luvas no atendimento a pacientes com suspeita de coronavírus (covid-19).
Enfermeiros e recepcionistas ouvidos pelo UOL denunciam falta de insumos no Conjunto Hospitalar do Mandaqui, no Hospital Regional Ferraz de Vasconcelos, no Hospital Geral de Taipas e até mesmo no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, considerado referência no atendimento aos casos suspeitos de covid-19.
"A diretoria alegou ser dispensável o uso das máscaras. Mas todos nós do ambulatório gostaríamos de ter máscaras à disposição, para prevenção e segurança", relata uma funcionária do Hospital do Mandaqui. "E nem todos os setores têm saboneteiras com álcool gel, uma necessidade primária nesta situação", diz ela, que não quis se identificar.
"O que falta dentro do hospital são insumos e proteção para nós", reforça uma funcionária do Hospital das Clínicas. "Só há luvas e máscaras para quem fica na recepção e alguns da enfermagem. Não são todos os funcionários que usam, por conta da falta de material. É o que tem para oferecer, porque os insumos são poucos. Álcool gel, por exemplo, nem tem", afirma.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) não trata o uso de álcool gel, máscaras ou luvas como indispensável na prevenção do público em geral ao coronavírus. Para os profissionais dos hospitais, no entanto, os insumos são fundamentais no contato direto com pacientes com suspeita de contágio. Não à toa o próprio Governo de São Paulo anunciou, na semana passada, a compra de 5 milhões de máscaras descartáveis, 15 milhões de luvas e 48 mil litros de higienizadores em gel.
A falta desses materiais aumenta ainda mais o risco de contaminação dos profissionais que estão na linha de frente do atendimento a casos de coronavírus. O Hospital das Clínicas, por exemplo, reserva uma ala inteira para atender funcionários do próprio hospital que tenham suspeita de contágio. São centenas de atendimentos diários que resultam em sobrecarga e "uma situação precária", nas palavras de uma enfermeira.
Reunião com sindicato
"As queixas mais numerosas são de falta de máscaras", explica Janaína de Luna, uma diretora regional do Sindsaúde-SP — o sindicato dos trabalhadores públicos da categoria no estado de São Paulo. "Os funcionários da saúde precisam de dois tipos de máscaras: a branca, simples, que todo o mundo conhece; e uma máscara específica, extremamente necessária para quem lida no atendimento direto ao paciente com problema respiratório, seja coronavírus, H1N1 ou tuberculose. Trabalhar sem esse tipo de precaução é se expor, então é certo que nós vamos nos contaminar", afirma.
No Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos houve uma reunião, na tarde de ontem, motivada pela escassez de materiais básicos. Funcionários se reuniram com representantes do sindicato para formalizar as reclamações sobre as condições de trabalho. "Os trabalhadores estão revoltados", resumiu uma pessoa presente na reunião.
Questionada sobre os relatos de desabastecimento, a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo diz que "a denúncia não procede. Todos os hospitais citados pela reportagem possuem insumos". Em nota, afirma que "realiza planejamento estratégico de compras, com base no consumo e mais uma margem de segurança para garantir abastecimento".
Por meio de nota, o Hospital das Clínicas da FMUSP diz possuir "todos os insumos, incluindo álcool gel, máscaras e luvas para os profissionais". O hospital também afirma ter adotado protocolos para garantir a segurança de profissionais e pacientes e um "protocolo de acolhimento e assistência a todos os profissionais que necessitarem de atendimento", sem esclarecer se de fato há sobrecarga na ala dedicada a esses atendimentos. "Neste protocolo, todos os colaboradores com suspeita de Covid-19 são afastados", conclui o texto.
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