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Coronavírus: Fiocruz anuncia hospital com 200 leitos para pacientes graves

24.fev.2016 - Sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro - Celso Pupo /Fotoarena/Folhapress
24.fev.2016 - Sede da Fiocruz, no Rio de Janeiro Imagem: Celso Pupo /Fotoarena/Folhapress

Igor Mello

Do UOL, no Rio

27/03/2020 11h56

A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) anunciou hoje a criação de um hospital exclusivamente para atender pacientes com graves de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. A nova unidade ficará na sede da instituição, em Manguinhos, zona norte do Rio, e contará com 200 leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e semi-intensivos.

A unidade se chamará Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 e é vinculada ao Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, da Fiocruz. O novo hospital tem custo estimado de R$ 140 milhões, bancados com parte dos recursos extraordinários liberados pelo Ministério da Saúde para enfrentar a pandemia do coronavírus. Foi aberto um edital para a contratação de 1030 profissionais para trabalhar no local.

A obra será feita em duas etapas: o primeiro módulo será entregue em 40 dias com 50 leitos de UTI e outros 50 semi-intensivos. A segunda etapa ficará pronta em dois meses, dobrando essa oferta de vagas.

O hospital será uma das unidades de referência para o tratamento de pacientes graves do novo coronavírus e receberá pacientes através da central de regulação da Secretaria estadual de Saúde do Rio.

A nova unidade foi anunciada pela presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, em entrevista coletiva virtual na manhã desta sexta. Também presente, Roberto Pozzan, subsecretário geral de Saúde do estado do Rio, comemorou a criação de mais leitos e alertou que os casos de Covid-19 já estão chegando à rede pública.

Novo hospital será construído em área antes ocupada por campo de futebol, ao lado da Avenida Brasil, principal via expressa do Rio - Divulgação/ Fiocruz - Divulgação/ Fiocruz
Novo hospital será construído em área antes ocupada por campo de futebol, ao lado da Avenida Brasil, principal via expressa do Rio
Imagem: Divulgação/ Fiocruz

"Ficamos muito felizes com o anúncio da oferta de leitos. A epidemia está avançando, saindo dos hospitais privados e chegando aos hospitais públicos. A gente não pode esquecer a importância da ciência, e nos momentos de crise é que a ciência melhor responde" afirmou.

Novos medicamentos serão testados em 18 hospitais

Além disso, a Fiocruz se prepara para iniciar no Brasil um estudo articulado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) para testar a eficácia de quatro medicamentos —entre eles a cloroquina e a hidroxicloroquina, já usados pontualmente por médicos brasileiros— no tratamento de pacientes graves de coronavírus.

O estudo será conduzido simultaneamente em 18 hospitais de 12 estados brasileiros, como forma de acelerar a produção de resultados e ter maior representatividade em relação ao conjunto da população. Não há prazo estimado para a duração da pesquisa, que deve abranger 1200 pacientes. Serão investidos R$ 4 milhões do Ministério da Saúde para seu custeio.

"A nossa projeção é incluir 1200 pacientes, combinando todos os centros de pesquisa. A inclusão será sequencial. Na medida em que os pacientes internados aceitarem participar e preencherem critérios básicos do estudo eles poderão ser incluídos", explicou a diretora do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Freire, Valdiléa Veloso.

A presidente da Fiocruz afirmou que as duas iniciativas caminham no sentido de proteger a população e reduzir os efeitos da pandemia no Brasil, salvando vidas e obtendo alternativas científicas para o tratamento da Covid-19.

"[As medidas] São absolutamente cruciais para esse momento da pandemia e se somam aos esforços feitos hoje em todos os estados para minorar os efeitos dessa pandemia, com destaque hoje para o Rio de Janeiro. Esse estudo tem por objetivo uma linha central que também é grande preocupação da nossa instituição e da sociedade, que é analisar que tratamentos são possíveis para uma doença que ainda não possui vacina", avaliou

Segundo Valdiléa Veloso, o estudo é dinâmico, com providências sendo adotadas conforme os resultados forem sendo obtidos. Se um medicamento se mostrar ineficaz ou tóxico, por exemplo, parará de ser testado.

Nísia Trindade destacou que a Fiocruz tem capacidade de garantir o fornecimento desses medicamentos para o SUS (Sistema Único de Saúde) caso se mostrem indicados para o tratamento da Covid-19.

"Nós também seremos capazes de estar produzindo aqueles medicamentos que o estudo apontar como mais adequados através de nosso Instituto Farmanguinhos", lembrou.