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Funcionários contam experiência de ficarem isolados em hospital por 45 dias

Hospital Premier - Ruam Oliveira/Hospital Premier/Divulgação
Hospital Premier Imagem: Ruam Oliveira/Hospital Premier/Divulgação

Beatriz Sanz

Do UOL, em São Paulo

30/03/2020 04h00

Jaqueline Basilio está há quatro dias sem voltar para casa e sem ver seu marido e seus três cachorros. A perspectiva é que a família só se reúna novamente em maio.

A terapeuta ocupacional é um dos 85 trabalhadores que ficarão isolados por 45 dias no Hospital Premier, na Zona Sul de São Paulo. A medida deve durar até o dia 10 de maio e foi colocada em prática para evitar que os pacientes sejam contaminados pelo coronavírus.

Para Basilio, a parte mais difícil de estar isolada, além da saudade da família, "é não poder comer a comida que eu tenho vontade".

Apesar das dificuldades, ela aceitou a missão com o intuito ajudar os 48 pacientes que recebem cuidados paliativos na unidade.

"Os pacientes do nosso hospital estão no topo do grupo de risco", explica o diretor do hospital, Dr. Samir Salman, justificando a decisão.

O Hospital Premier é especializado em cuidados paliativos, ou seja, pacientes com doenças ameaçadoras da vida ou com sequelas e, em sua maioria, idosos.

De acordo com Salman, o isolamento visa impedir a contaminação através dos casos assintomáticos, tanto por parte dos funcionários quanto dos familiares que fazem visitas.

Funcionários de todas as áreas fizeram sacrifícios pessoais para se dedicar aos cuidados desses pacientes e evitar que eles peguem covid-19.

É o caso de Dora Cardoso, que faz parte da equipe de limpeza do hospital. Ela afirma que assim que sair do hospital daqui a quase 40 dias, a primeira coisa que fará será abraçar seus filhos.

Segundo Dora, os dois rapazes estão orgulhosos da decisão da mãe de se dedicar aos outros. "Aqui a gente está aprendendo como são importantes as pessoas da nossa vida, a gente está aprendendo a ser mais humano", diz Dora.

Os funcionários entrevistados pelo UOL afirmaram que mesmo estando em isolamento, eles cumprem o expediente de forma correta.

Para cobrir o restante da equipe que não quis fazer parte da medida, os funcionários isolados podem se voluntariar a ajudar outras equipes.

Cada funcionário pode ter até duas tarefas voluntárias de duas horas. O restante do tempo é livre e os funcionários podem fazer atividades pessoais.