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Brasil supera 20 mil casos oficiais de coronavírus; mortes chegam a 1.124

Handout .
Imagem: Handout .

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

11/04/2020 16h56Atualizada em 11/04/2020 22h05

O Ministério da Saúde anunciou hoje que subiu para 1.124 o número de mortes registradas pelo novo coronavírus no Brasil — 68 óbitos confirmados nas últimas 24 horas. Até ontem, eram 1.056 mortes.

O país superou a marca de 20 mil casos registrados. No total, são exatos 20.727 casos oficiais até agora — aumento de 1.089 diagnósticos em um único dia —, segundo o Ministério.

O número real de infectados pelo coronavírus no país tende a ser maior porque os testes são realizados prioritariamente em pessoas hospitalizadas.

Estudos indicam que 86% dos contaminados não apresentam sinais ou têm apenas sintomas leves que podem ser confundidos com uma gripe comum. Esses casos assintomáticos e/ou que não são submetidos a testes acabam ficando fora das estatísticas da covid-19.

Taxa de letalidade

A taxa de letalidade — que compara o número total de infectados no Brasil com a incidência de mortes — é de 5,4%. O Ministério da Saúde ainda não divulga dados oficiais sobre o número de pessoas que se curaram da doença.

A taxa real de letalidade deve ser menor porque o país faz poucos testes. Quando há poucos casos confirmados, ela fica artificialmente maior.

Por exemplo, se há 20 mil casos e 1.000 mortes, a letalidade é de 5%. Se são 40 mil casos com as mesmas 1.000 mortes, a letalidade cai para 2,5%.

Alastramento rápido

O Brasil ultrapassou a marca de 1.000 mortes por coronavírus cerca de um mês e meio depois que o primeiro caso foi confirmado no país.

A ocorrência inicial foi observada em 26 de fevereiro: um paciente que retornou a São Paulo após viagem pela Itália, um dos países europeus mais afetados pela doença.

Apenas em 17 de março o Brasil registraria a primeira morte provocada pela covid-19. Era um homem de 62 anos, que morreu em São Paulo.

Risco de infecção simultânea

O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson Oliveira, alertou que, no Brasil, há risco de sobreposição de infecções pelo novo coronavírus com outras síndromes respiratórias.

"Na Itália, assim como na China, o pico da influenza se deu entre o final de novembro e dezembro. Vimos lá atrás primeiro os picos de influenza e de outros vírus respiratórios e, depois, do coronavírus. Aqui no Brasil, muito possivelmente acontece sobreposição da circulação de outros vírus que causam sintomas respiratórios com o coronavírus."

Isso, segundo ele, explica haver no país número "significativo" de pessoas com menos de 60 anos contaminados. "Só me resta acreditar que seja cocirculação ou coinfecção não somente de coronavírus, mas também de casos de influenza."

Bolsonaro visita hospital de campanha

Na manhã de hoje (11), Bolsonaro ignorou mais uma vez as orientações de isolamento social e decidiu conhecer a recém-iniciada obra de um hospital de campanha em Águas Lindas, em Goiás —a cerca de 38 km de Brasília. O deslocamento da capital federal ao local da visita foi feito de helicóptero.

A presença do mandatário na cidade provocou aglomerações, cenário ideal para o alastramento do coronavírus, de acordo com as autoridades sanitárias. O comportamento de Bolsonaro foi criticado pelo ministro da saúde de seu próprio governo, Luiz Henrique Mandetta (DEM).

"Posso recomendar, não posso viver a vida das pessoas. Pessoas que fazem uma atitude dessas hoje daqui a pouco vão ser as mesmas que vão estar lamentando", disse o ministro logo após Bolsonaro deixar Águas Lindas.

O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), também condenou a atitude do presidente. "Ele [Bolsonaro] que deverá explicar esta situação. Esta posição não foi a minha. Ele é o presidente, e eu sou o governador. A minha posição foi a que vocês acompanharam. Esta é a posição que manteremos até o dia 19."