Secretário de Vigilância em Saúde pede demissão de ministério
Resumo da notícia
- Wanderson de Oliveira era um dos principais auxiliares de Mandetta no ministério
- Mais cedo, secretário disse em carta a colegas da pasta que a saída de ministro está acertada
- Segundo a mensagem de Oliveira, Mandetta deve deixar a Saúde até o fim da semana
- Relação já conturbada entre Bolsonaro e Mandetta piorou críticas indiretas do ministro ao presidente
- Militares do governo, que defenderam a sua permanência no cargo, buscam novo nome para o comando da Saúde
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira, pediu demissão na manhã de hoje. A informação foi confirmada pela própria pasta. Apesar da decisão, Wanderson permanecerá no cargo até sexta-feira (17).
Um dos homens de confiança do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, Wanderson enviou uma carta a seus subordinados nesta manhã avisando que não ficaria mais no ministério e que o ministro havia informado a seus auxiliares que seria demitido até o final desta semana.
Na mensagem enviada aos colegas, Oliveira afirmou que "a gestão de Mandetta acabou" e que precisava se preparar "para sair junto". Ele disse ainda que "só Deus para entender o que querem fazer".
"Finalmente chegou o momento da despedida", disse Oliveira na carta enviada aos colegas. "Ontem tive reunião com o ministro e sua saída está programada para as próximas horas ou dias. Infelizmente não temos como precisar o momento exato. Pode ser um anúncio respeitoso diretamente para ele ou pode ser um Twitter."
Hoje pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro disse que resolverá "a questão da Saúde" para que seja possível "tocar o barco". "Pessoal, estou fazendo a minha parte", disse a apoiadores na frente do Palácio do Alvorada.
O próprio ministro já se despediu dos subordinados, segundo a Folha, e disse que aguarda apenas que Bolsonaro encontre um nome para substituí-lo.
Mandetta voltou à linha de tiro de Bolsonaro nesta semana após confrontar o presidente em entrevista ao "Fantástico", no último domingo (12) — ele mesmo admitiu a interlocutores ter sido um erro.
Na semana passada, o ministro já tinha se visto na corda bamba após Bolsonaro insinuar a sua demissão. Mandetta foi poupado e seguiu no cargo, após a ala militar do Planalto dissuadir o presidente da ideia.
Desta vez, porém, o posicionamento público na TV custou ao ministro o suporte dessa ala militar, que hoje busca um nome para substituí-lo, segundo a colunista do UOL Carla Araújo.
Para os militares, a situação do ministro da Saúde tem se tornado cada vez mais insustentável. A ideia, porém, é que a troca cause o menor trauma possível e que o substituto que tenha respaldo da população.
Segundo um auxiliar palaciano, o ideal para substituir Mandetta é "algum nome de consenso na classe médica, com posições mais próximas do presidente na questão do isolamento vertical e da cloroquina". Interlocutores descartam, pelo menos no momento, o nome do deputado Osmar Terra ou da médica Nise Yamaguchi, que já auxilia o governo no gabinete de crise.
Terra é visto no Palácio do Planalto como alguém mais alinhado ao presidente do que Mandetta. Assim como Bolsonaro, ele faz ressalvas em relação ao isolamento social — posição defendida pelo ministro e pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Em debate promovido pelo UOL, especialistas disseram que o chamado isolamento vertical, como vem sido defendido por Bolsonaro, não tem garantias de eficiência.
O chamado "isolamento vertical", que separaria somente aqueles que estão no grupo de risco à exposição ao vírus, é uma teoria minoritária entre cientistas e vista com ceticismo pela comunidade médica.
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