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Asilo tem 11 casos de coronavírus e 4 óbitos de idosos em cidade de SC

Entrada da Casa de Repouso Recanto do Arvoredo, em Antônio Carlos (SC) - Reprodução
Entrada da Casa de Repouso Recanto do Arvoredo, em Antônio Carlos (SC) Imagem: Reprodução

Hygino Vasconcellos

Colaboração para o UOL, de Porto Alegre

18/04/2020 15h05

Uma pequena cidade catarinense acompanha com apreensão o avanço do coronavírus pelo interior do país. Com população estimada de 8.500 pessoas, o município de Antônio Carlos convive com uma situação atípica: dos 13 casos oficiais de coronavírus, 11 foram registrados na Casa de Repouso Recanto do Arvoredo, o que corresponde a 84% do total.

Além disso, quatro idosos que residem no local já morreram pela doença em um intervalo de 16 dias. A cidade fica na região metropolitana de Florianópolis, a 36 quilômetros da capital.

A reportagem do UOL tentou contato com o proprietário do asilo. O telefone fixo está desligado e o celular só chama. Além disso, foram enviadas mensagens pelo whatsapp, mas não foram respondidas até o fechamento desta reportagem.

O site da casa de repouso está fora do ar. Segundo o site Registro.br, responsável pelas atividades de registro e manutenção dos nomes de domínios que usam o .br, o registro consta como expirado desde ontem.

A primeira morte no local ocorreu em 25 de março, de um paciente de 86 anos. O idoso estava há poucos dias no asilo.

Segundo a prefeitura, ele ingressou na casa de repouso em 18 de março. Trazido por um filho, o idoso tinha sofrido uma queda há duas semanas e, no momento da entrada, apresentava diversas fraturas, leve anemia e infeção urinária, bem como histórico de Parkinson, ainda conforme a prefeitura.

Cinco dias depois do ingresso no asilo, ele apresentou quadro de hipotermia e hipotensão, sendo levado para o Hospital Regional de São José, cidade vizinha, onde morreu.

Oficialmente, a morte desse idoso é contabilizada pelo município de Porto Belo, onde ele residia antes de ser levado pelo filho para o asilo.

No mesmo dia do óbito, a Vigilância Sanitária foi até o local, com acompanhamento da Polícia Militar.

"Durante a ação foi observado o uso dos Equipamentos de Proteção Individual pelos profissionais, tendo sido orientado aos responsáveis intensificar o treinamento para manejo de possíveis residentes com suspeita de coronavírus. Verificou-se um estoque mínimo de EPIs e a dificuldade de comprá-los, mesma dificuldade encontrada pelos serviços públicos de saúde", informou a prefeitura em nota.

Na época, a casa de repouso possuía 28 residentes idosos e 29 profissionais.

Conforme a prefeitura, os moradores têm diversos problemas de saúde e necessitam com frequência de cuidados especiais e hospitalares.

Em 26 de março, foram coletados 49 amostras para covid-19 dentro do asilo. Desses 13 casos foram confirmados (nove idosos e dois funcionários), segundo o prefeito Geraldo Pauli (MDB).

Segundo a prefeitura, 11 pessoas já passaram pela fase de isolamento de 14 dias, sendo que as outras duas continuam seguindo o isolamento social.

Em 2 de abril, aconteceu a segunda morte de uma idosa de 66 anos. Em 8 de abril, foi a vez de um idoso de 79 anos e, dois dias depois, de uma idosa de 65 anos. Os três residiam no asilo.

Na última quarta-feira, o prefeito fez um pronunciamento em vídeo sobre a situação e observou que há mais casos suspeitos na cidade, mas que aguardam o resultado.

Pauli demonstrou preocupação com a reabertura do comércio, apontada em decreto estadual.

"Nós vemos aumentar o número de pessoas nas ruas e o descuido com a prevenção. Agora, mais do que nunca, precisamos redobrar os cuidados para não levarmos o vírus para as nossas casas. Infelizmente o vírus está circulando em nossa cidade."

O prefeito rebateu vídeo que contesta o auxílio da prefeitura à casa de repouso.

Segundo o chefe do Executivo, de setembro de 2019 a março de 2020, foram repassados R$ 6.600 em remédios, fraldas, materiais para curativos, entre outros. A prefeitura recebeu ainda R$ 35,6 mil do governo federal e R$ 19,8 mil do estado.