Pará ultrapassa 1.000 casos de covid-19; adolescente de 14 anos morreu hoje

O Pará ultrapassou hoje os 1.000 casos de coronavírus e chegou a 38 mortos, segundo o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde, divulgado na tarde de hoje. Uma das três pessoas que morreram no estado neste feriado de Tiradentes foi uma adolescente de 14 anos, em Santarém, oeste paraense. A prefeitura da cidade não deu mais detalhes sobre o caso.

Belém concentra a maioria dos registros, com 655 casos e 27 mortes, de acordo com levantamento divulgado ontem pela prefeitura. Com o crescimento acelerado no número de casos, as Unidades de Pronto Atendimento e Prontos-Socorros estão operando no limite desde o final de semana.

Clínica com aglomeração de pacientes na porta

Diante da superlotação, o governo do estado converteu uma policlínica, localizada na capital, em local de atendimento de pacientes com sintomas respiratórios agudos e de covid-19, a doença causada pelo coronavírus. Neste feriado, o primeiro dia da mudança, muita gente se aglomerou na porta da clínica porque não conseguiu acessar outras unidades de emergência.

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Entre os pacientes estava a jornalista Jerusa Galucio, 44, que fez um vídeo na fila dizendo que não havia critério na triagem dos pacientes. "A gente só quer ser atendida. Não tem critério. Todo mundo está aqui na mesma situação. Já ouvimos que tem gente morrendo lá dentro e ainda há pouco vieram buscar um senhor que estava desfalecendo", disse a mulher, que faz tratamento para problema nos rins.

Ela e o marido estão com sintomas de covid-19 desde o dia 11 de abril. No primeiro atendimento numa emergência, ela foi diagnosticada com chikungunya. Como os sintomas pioraram, ela procurou teleatendimentos do projeto Missão Covid, um grupo de médicos voluntários que atendem online gratuitamente durante a pandemia.

"Fizemos consulta no sábado e fomos diagnosticados com a covid-19. Piorei, com febre, cansaço e falta de ar, e vim para cá", disse, na porta da clínica.

O governador Hélder Barbalho se pronunciou nas redes sociais após as informações sobre superlotação na clínica. Ele disse que o local não é um hospital de urgência e cobrou participação do município. "É preciso que as prefeituras façam o seu papel. Não é possível, a esta hora, fechar UPA, pronto-socorro, [deixar] as unidades básicas sem atendimento. Cada um tem que fazer o seu papel de colaborar para que a gente consiga vencer o coronavírus e salvar a vida da população que está sofrendo", declarou.

Barbalho reforçou que a policlínica não é um pronto-socorro e que a estrutura tem limitações de atendimento.

Com a grande procura nesse feriado, o hospital, que tinha funcionamento diário previsto de 7h às 22h, fechou as portas mais cedo hoje, às 18h, e pacientes ficaram sem atendimento do lado de fora. Jerusa, que chegou às 14h, conseguiu entrar antes de a unidade fechar e foi atendida às 20h30.

Além da sobrecarga, o município enfrenta outro problema, a falta de médicos. "Tivemos muitos problemas com a UPA da Terra-Firme, que estava sem médicos", disse ontem o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho. "Quem estava na escala 'entregou' plantão. Em Icoaraci, temos dois médicos, o que é insuficiente. Fica o nosso apelo a médicos de Belém: a prefeitura está de portas abertas a vocês."

Governo aguarda respiradores

Todos os 125 leitos de UTI da rede municipal estão ocupados, sendo 80% com pacientes com covid-19 ou com sintomas da doença. O governo estadual aguarda para o final do mês a chegada de 400 kits de respiradores que comprou da China.

Esta semana, o governador anunciou a chegada de 20 respiradores enviados pelo Ministério da Saúde e mais 8 oito doados pela empresa Suzano, que foram instalados no hospital de campanha da capital. O hospital também mudou de status e será equipado com UTIs.