Secretária de Dória diz que isolamento em São Paulo poderia ter sido melhor
Marcelo Oliveira
Do UOL, em São Paulo
26/04/2020 21h04
Resumo da notícia
- Secretária que cuida do monitoramento do isolamento social em SP diz que adesão poderia ser melhor
- Ela diz que relaxamento da quarentena ainda depende muito da colaboração da população
- Estado será dividido em zonas e todos os municípios estão no vermelho no momento, disse a secretária
- Segundo médico David Uip, as duas próximas semanas serão decisivas para definir relaxamento da quarentena
A Secretária de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, Patricia Ellen, disse em entrevista hoje (25) à GloboNews que o índice de isolamento social no Estado, que neste sábado (24) foi de 52% "poderia ter sido melhor, pois semana passada foi de 54%".
Neste sábado, a adesão ao isolamento foi a pior de um sábado desde o início da quarentena no Estado, iniciada em 24 de março.
O Estado de São Paulo planeja fazer uma reabertura gradual da atividade econômica no estado a partir de 11 de maio, dia que está previsto o final da atual quarentena.
Zona vermelha
De acordo com Patrícia, a retomada será também regionalizada. Os municípios serão divididos em três faixas de classificação de risco: vermelha, amarela e verde.
Segundo a secretária, no momento todos os municípios ainda estão na zona vermelha e até 10 de maio a população precisa colaborar muito. "A abertura não será aleatória. Será faseada e baseada nos dados", disse.
"O momento ainda é de muita apreensão. Temos um plano de retomada da atividade econômica de forma responsável e gradual, mas quem determinará como será é a saúde", disse a secretária.
O governador Doria disse semana passada que se o isolamento se mantivesse abaixo dos 50% nos dias úteis, o relaxamento da quarentena poderá ser adiado.
Semanas decisivas
Também participou da entrevista o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência da covid-19 em São Paulo.
Segundo ele, o isolamento precisará se manter em 50% ou mais para o "achatamento da curva" e que as decisões dependerão não só dos dados de georreferenciamento do isolamento social, mas também dos leitos disponíveis, respiradores, curvas e modelos matemáticos.
"A semana que entra e a próxima serão decisivas", disse o médico.
Uip, que teve a covid-19, contou que a doença "causa angústia e causa medo" e provoca "embolia [obstruções nas artérias] em muitos órgãos".
Quarentena é chata, mas necessária
Sobre as medidas de isolamento, Uip, que teve a covid-19 e se isolou quando adoeceu, foi enfático: "ninguém gosta de quarentena. É muito chata, mas é absolutamente necessária e precisamos continuar para que possamos ter a decisão de relaxamento das medidas que só será possível em cima dos dados epidemiológicos".
Uip diz que no caminho de volta entre o trabalho e sua casa passa por postos de gasolina e vê pessoas aglomeradas e sem máscaras, o que, segundo o médico, é totalmente inadequado.