Doria: 'Não há menor condição de flexibilização com isolamento de 48%'
São Paulo fechou ontem novamente com 48% de taxa de isolamento. O número abaixo de 50%, que é o mínimo aceitável, preocupa o governador João Doria (PSDB). Em entrevista coletiva concedida hoje, ele disse que, com estes percentuais, não haverá como flexibilizar a quarentena e retomar o cotidiano com reabertura do comércio.
"Numa taxa de isolamento de 48% eu não preciso sequer perguntar para o doutor David Uip [coordenador do Centro de Contingência ao Coronavírus], ao doutor Germann [secretário estadual de Saúde]. Não há menor condição de flexibilização com isolamento de 48%. E evidentemente com os riscos de colapso dos hospitais da capital e região metropolitana", disse.
Com o dado de ontem, foi a oitava vez que o isolamento social ficou abaixo dos 50% desde o feriado de Páscoa. O governador pediu que as pessoas fiquem em casa e afirmou que somente desta forma é possível relaxar as medidas da quarentena.
"Se vocês querem sair do isolamento, se vocês querem ter uma nova fase do isolamento, contribuam para isto", declarou Doria.
São Paulo anunciou um plano de reabertura gradual do comércio, que seria colocado em prática de maneira diferente, respeitando a ocorrência de casos de covid-19 em cada região. Mas era necessário cumprir parâmetros médicos.
"Nada será feito no estado de São Paulo, mesmo em programas de flexibilização regionais e pontuais em locais fora da capital e da Grande São Paulo sem a breve e expressa autorização da área de saúde", afirmou Doria.
Um dos principais parâmetros é o índice de ocupação de leitos de UTI. Na Grande São Paulo, 85% dos leitos da rede estadual estão com pacientes. Qualquer número acima de 80% é considerado perigoso. O prefeito Bruno Covas adotou a mesma linha do governador e pediu maior adesão à quarentena para que o sistema de saúde comporte os pacientes de covid-19.
A Secretaria Municipal de Saúde trabalha para abrir 1.337 leitos municipais de UTI, mas diante da explosão de casos suspeitos já se manifestou contrária a reabertura do comércio. Até 23 de abril, a média diária na capital era de 812 casos suspeitos. Nos três dias seguintes, saltou para 3.355. A baixa adesão ao isolamento social é apontada como causa do agravamento da crise.
"Se as pessoas relaxarem no isolamento todo mundo vai ficar doente ao mesmo tempo, e nós, mesmo com este esforço, não conseguiremos atender a população. Aí, a possibilidade de salvar vidas cai drasticamente", declarou Bruno Covas.
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