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Roberto Kalil prevê SUS mais forte pós-pandemia e pede cautela com lockdown

Dr. Roberto Kalil - UOL Dabate - Reprodução do Instagram
Dr. Roberto Kalil - UOL Dabate Imagem: Reprodução do Instagram

Do UOL, em São Paulo

10/05/2020 19h22

O cardiologista Roberto Kalil Filho, do Hospital Sírio-Libanês, prevê que o SUS (Sistema Único de Saúde) irá sair fortalecido da pandemia do novo coronavírus e pediu cautela em relação ao lockdown —termo em inglês que vem sendo utilizado para o fechamento de determinadas regiões durante a crise.

Kalil testou positivo para o novo coronavírus no início de abril e admitiu ter usado a cloroquina em seu tratamento após discutir com os médicos.

Em entrevista à CNN Brasil, exibida na tarde de hoje, o médico lembrou que a covid-19 começou no sistema privado e elogiou o SUS, que, segundo ele, está fazendo o que pode. "Essa doença começou no sistema privado, veio da classe alta. Agora a preocupação é no sistema público, no SUS", avaliou Kalil.

"O SUS é um sistema evidentemente brilhante, já que atende a mais de 100 milhões de pessoas, e o SUS está fazendo o que pode para a população. Então, não preciso ficar repetindo: falta leito de UTI, faltam locais de assistência... Mas eu digo: o SUS vai sair fortalecido da pandemia. É um sistema brilhante, mas está sendo subfinanciado nas últimas décadas. Veja, estamos em uma guerra e vamos vencer. Agora, vamos vencer essa guerra com o menor número de mortos possíveis, porque o pico está aí e está se fazendo o que pode", completou, em seguida.

Sobre o lockdowm (ou o fechamento total de regiões), Kalil pediu cautela. "Temos que tomar muito cuidado com o lockdown. Quem vai alimentar as pessoas, principalmente as pessoas mais carentes? E pensando nas comunidades? Como vai ser? Temos que pensar como seria a orientação com essa população. Vamos fazer o quê? Colocar o exército nas ruas?", questionou ele, revelando sua preocupação com a população mais carente em situações como essa.

"Em São Paulo tem que ser muito bem pensado. Claro, se chegar a um ponto de se fazer [o lockdown], tem que fazer. Mas é preciso respeitar o isolamento, que é fundamental. Até agora não chegamos ao índice de 70% (que seria o ideal). As pessoas têm de se conscientizar para passarmos por isso mais rápido". avaliou.

País chega a 160 mil casos

O Brasil chegou hoje a 11.123 mortes pelo novo coronavírus, segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Foram 496 óbitos confirmados nas últimas 24 horas.

A pasta também anunciou que, até o momento, o país contabilizou 162.699 casos confirmados de covid-19. De ontem para hoje, foram 6.760 novos diagnósticos. A taxa de letalidade é de 6,8%.

À CNN, Kalil disse ainda que os números registrados no Brasil devem ser maiores porque não houve a testagem da população em massa. "Os números não são precisos porque não houve testagem em massa no Brasil. O país não tem 'só' 160 mil casos", afirmou ele.