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Recém-nascido usa máscara de proteção no DF: "achei maravilhoso", diz a mãe

Bebê usa máscara após o parto no Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília - Divulgação
Bebê usa máscara após o parto no Hospital Regional da Asa Norte, em Brasília Imagem: Divulgação

Bruna Alves

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/05/2020 19h06

Durante a pandemia do novo coronavírus, o Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), unidade da rede pública de Brasília e referência em casos de covid-19, tem realizado partos de mães com diagnóstico positivo ou ainda em investigação do novo coronavírus.

O Centro Obstétrico tem adotado uma série de medidas para tentar diminuir a transmissão das mães para os filhos. Dentre elas, estão o uso de pequenas máscaras faciais semelhantes a um capacete, fabricadas pela equipe do próprio hospital, para todos os recém-nascidos.

Na noite da última quinta-feira (7), o HRAN realizou o primeiro parto no Distrito Federal em uma paciente confirmada com covid-19. O bebê nasceu saudável, com 2,930 kg e, logo após o nascimento, já usou a máscara de proteção. A mãe, Mariane Silva, 28, recebeu alta hoje e está em casa.

"Eles cuidaram muito bem da minha mulher e do meu filho, porque viram que o negócio era sério. E graças a Deus deu tudo certo. Nesse momento difícil, eles cuidaram da gente 24h e agora estamos mantendo os cuidados em casa", diz o pai do bebê, Ricardo Bento, 30.

Mariane conta que ficará isolada em casa por mais cinco dias, seguindo as instruções médicas e sempre usando máscara de proteção. O bebê também continua usando as máscaras que ganhou do hospital.

"Eu achei maravilhosa, porque essa mascarazinha protege bastante. É uma forma muito útil de eles não contraírem esse vírus. Elas são reguláveis, e quando ele vai mamar, eu tiro. Mas quando acaba, eu coloco de novo", afirma a mãe.

Medidas para evitar contágio

As pacientes que chegam ao hospital para dar à luz são submetidas a exames para comprovação da doença, e caso as suspeitas de contágio sejam descartadas, elas são transferidas para outras unidades hospitalares na região.

O médico responsável pelo comando do gabinete de crise da covid-19 do HRAN, Ricardo de Souza Monteiro, explica que o hospital tem adotado duas medidas prioritárias para tentar evitar o contágio.

"A primeira é o clampeamento precoce do cordão umbilical. Antigamente, você pegava o neném, botava na barriga da mãe, e esperava que a placenta esvaziasse o sangue que estava dentro dela pelo cordão umbilical. Quando o sangue terminava, você fazia a ligadura, o clampeamento do cordão. Agora você faz o clampeamento precoce, ou seja, logo depois do nascimento, você já faz o clampeamento com medo de ocorrer uma contaminação da mãe para o bebê", disse Monteiro ao UOL.

No entanto, ele explica que ainda não há estudos que apontem a eficácia do método que vem sendo adotado no hospital, mas ressalta que é uma forma de tentar evitar o contágio da doença.

"A outra medida tomada é o contato pele a pele. Logo depois do nascimento, você colocava o neném peladinho em contato direto com a barriga da mãe. Esse contato é contraindicado, porque, teoricamente, essa mulher tem a presença de vírus na pele dela. Então, logo depois do nascimento, o neném é recolhido pelo pediatra e só volta a encontrar com a mãe quando ela já está de máscara e o neném já está vestido, para proteger a pele", descreve.

Outra mudança que ocorreu no hospital devido à covid-19 foi a paramentação médica. Antes da pandemia, os médicos utilizam apenas uma máscara cirúrgica exclusiva.

"Agora, no ambiente cirúrgico, os obstetras estão usando a máscara cirúrgica e por baixo dela, uma máscara N95, que protege melhor o profissional. E, acima dessas duas máscaras, ainda tem o face shield, que é aquela máscara transparente que cobre o rosto", detalha Monteiro.

Não deixe de amamentar

Segundo o médico está sendo feita uma "campanha" contra a amamentação de mães com a covid-19. No entanto, ele afirma que não se contraindica a amamentação. No caso das mães contaminadas, elas devem amamentar de máscara e o neném ficar coberto por algum lençol, que depois deve ser trocado.

Nesses casos, a higiene com o seio também deve ser redobrada, de acordo com as instruções do médico. Mas, no geral, a mãe deve apenas lavar o seio com algum produto para limpar bem a área.

Por fim, o médico ainda faz um alerta sobre a importância de procurar um hospital se necessário, mesmo que não seja relacionado ao coronavírus.

"A gente tem observado que muitas doenças estão chegando retardadas no Pronto Socorro e, às vezes, não tem mais o que fazer. A quantidade de homens e mulheres infartadas que estão chegando em fases finais ou que já chegam em estágios avançados da doença é grande por conta do temor de procurarem os hospitais, por causa do risco de contaminação. Mas as doenças não pararam e as coisas continuam acontecendo", ressalta Monteiro.