Mandetta: Bolsonaro quer cloroquina para conseguir reabrir a economia
O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta fez críticas à tentativa de se "empurrar" um tratamento para o novo coronavírus com cloroquina e hidroxicloroquina, medicamentos que ainda não tiveram eficácia comprovada pela covid-19 - e em muitos casos tem causado problemas cardíacos. Para o médico, é uma tentativa de fazer com que as pessoas se sintam confiantes e, assim, reabrir a economia.
"Ele quer um medicamento para que as pessoas sintam confiança, para retomar a economia. E isso a pessoa fica na sua tranquilidade achando que o medicamento resolve o problema. Como é barato e o Brasil produz, por ser medicamento da malária... Só que malária costuma dar em mais jovens", disse ele, ao Correio Braziliense.
Mandetta alertou para os efeitos colaterais, já mostrados em estudos. "Se você dá cloroquina para pessoas acima de 60 anos que já tem problemas cardíacos, você pode precipitar uma série de mortes por parada cardíaca. Nos estudos que estamos fazendo, 33% dos pacientes tiveram arritmia e tiveram de interromper o tratamento."
O ex-ministro, que viu seu sucessor, Nelson Teich, pedir exoneração hoje, menos de um mês após a troca na pasta, afirmou ao jornal que o Brasil "perdeu um mês" no combate à pandemia e que o que se vê é uma politização da ciência.
"A eficácia ainda não é comprovada. Mas, como politizaram a ciência, o que a gente está vendo é a ciência política, usando a cloroquina, porque eles não têm nenhuma formação técnica para discutir isso", disse ele.
Críticas a Damares
Mandetta criticou Damares Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do governo Jair Bolsonaro (sem partido), por falar publicamente em apoio ao uso da cloroquina como medicamento para tratar o novo coronavírus. Ele explicou que o remédio não tem eficácia comprovada e que estudos tem mostrado riscos de ataques cardíacos no uso da droga.
"Funciona, presidente". Foi o que Damares afirmou, na abertura de uma cerimônia sobre o combate à violência doméstica sobre a cloroquina, ao dizer que uma secretária do seu ministério é "sobrevivente do coronavírus", dirigindo-se a Bolsonaro. O presidente pretende mudar o protocolo da Saúde para determinar o uso da cloroquina, o que ia contra a gestão de Nelson Teich, que pediu exoneração hoje.
"Eu vejo com certa ironia, porque é uma ministra que não tem nenhuma formação técnica para prescrever medicamento. É muito perigoso. A cloroquina é uma droga, tem efeito colateral. E o efeito colateral é a arritmia cardíaca. Inclusive tem muitos estudos reportando que mortes súbitas podem ser causadas pela cloroquina. É muito perigoso, irônico e preocupante."
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