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Cidades da Grande SP questionam reabertura só da capital e temem exposição

Governador João Doria (PSDB) anunciou ontem plano de retomada econômica - ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
Governador João Doria (PSDB) anunciou ontem plano de retomada econômica Imagem: ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

28/05/2020 09h24

Cidades da Grande São Paulo questionaram a classificação de São Paulo como única cidade da região metropolitana na fase 2 do programa de reabertura econômica anunciada ontem pelo governador João Dória (PSDB). Na prática, a medida significa que a capital terá a partir da próxima segunda-feira regras de isolamento social menos rígidas em relação a outras cidades de seu entorno.

O prefeito de Guarulhos, Gustavo Henric Costa, disse em entrevista à TV Globo que a diferença de regras vai deixar a cidade mais exposta ao novo coronavírus, já que o fluxo aumentará.

"Isso vai criar um grande movimento pendular. Quando existe uma retomada, as pessoas vão querer ir para a capital. O que sentimos é que o risco de contaminação com a liberação na capital vai nos deixar mais expostos. Por isso deveria ser feito em conjunto e causa estranheza. Vai complicar bastante aqui", afirmou.

Outra preocupação é com uma possível queda no isolamento social em Guarulhos. "Estamos analisando o decreto para combater essa questão do movimento pendular. Isso vai aumentar porque o comércio liberado em São Paulo fará com que as pessoas vão para a outra rua (citando a proximidade das cidades), vai gerar um grande fluxo", disse.

"Como vivemos em uma conurbação, fará com que o isolamento caía muito. Estamos avaliando para uma retomada muito consciente, para trabalhar em conjunto, que era o que estava acontecendo até aqui", completou.

Já o prefeito de Osasco, Rogério Lins, disse em entrevista à TV Globo que vai apresentar, junto a outros municípios da região Oeste da Grande São Paulo, um pedido de reconsideração. Segundo ele, a região atende a critérios para ser incluída na fase 2 da flexibilização, como oferta suficiente de leitos em UTI.

"A gente vai apresentar um documento dos municípios da região (Oeste da Grande SP) e pedir uma reavaliação. Queremos que separem nossa região que atende mais requisitos da fase 2. É muito importante que ocorra com sincronismo", disse.

Já o secretário executivo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, Edgard Brandão, disse também em entrevista à TV Globo que as cidades representadas pela entidade se sentiram surpresas com apenas a capital fazer parte da fase 2.

"Nós não estamos em outra região, estamos na mesma. Quase todos municípios fazem divisa com São Paulo. A questão não é estarmos em vermelho ou não (na fase 1), mas é a capital estar a capital estar sozinha na fase 2", disse.

A fase 2, na qual a capital foi incluída, prevê liberações eventuais. A medida libera também as atividades de indústria não essencial e de construção civil. Continua vetada a reabertura de espaços públicos, bares, restaurantes, salão de beleza, academia, teatro, cinema e eventos que geram aglomerações (incluindo os esportivos).

Já a fase 1, na qual se encontram as cidades da região metropolitana, prevê a liberação apenas de serviços essenciais, como está agora

Secretário promete avaliação periódica

Também entrevistado pela TV Globo, o secretário de desenvolvimento regional de São Paulo, Marcos Vinholi, disse que a cada sete dias haverá uma reavaliação de cada região do estado e a possível adequação a outra fase do plano.

O secretário ainda rebateu a alegação do consórcio do ABC de que não houve conversa com as cidades e disse que os critérios para a classificação levam em conta a situação de leitos e a taxa de transmissão do vírus.

"São levadas em conta a taxa de transmissão de vírus, e isso aqui e na região metropolitana está em bons índices, e a capacidade de leitos hospitalares. E nisso a capital tem um nível superior", disse.

Em entrevista à CNN Brasil, Vinholi disse que este índice leva em conta também a rede privada e, por isso, a cidade de São Paulo foi classificada na fase e mesmo com mais de 90% dos leitos de UTI da rede pública ocupados.

"Consideramos a rede hospitalar - publica e privada - e fica evidente que a capital fez um grande esforço nesse sentido, oito hospitais e taxa de ocupação inferior a 80%. A região metropolitana também fez esforço importante, mas taxa de ocupação é maior. Queremos avançar a cada 7 dias, estamos trabalhando em conjunto para ter mais leitos e aí que voltem com segurança. cada município gostaria de ser avaliado separadamente, mas não é possível", disse.