Topo

Esse conteúdo é antigo

SP estende quarentena por 15 dias, mas anuncia flexibilização de isolamento

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo

27/05/2020 12h13Atualizada em 27/05/2020 18h25

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou hoje que estenderá até o próximo dia 15 de junho a quarentena no estado como medida de combate ao novo coronavírus. A partir da próxima segunda-feira (1º), porém, disse o governador, haverá uma flexibilização do isolamento social, com a retomada de atividades econômicas em fases escalonadas.

A nova fase recebeu o nome de "Retomada Consciente". Apesar de anunciar a reabertura em algumas áreas, Doria afirmou que a medida será avaliada diariamente e que pode a retomar ações mais restritivas se necessário. "Se tivermos que darmos um passo atrás e retomar medidas, não hesitaremos em fazê-lo para proteger vidas", disse em entrevista no Palácio dos Bandeirantes.

Como funcionará o plano?

O protocolo de retomada das atividades econômicas dividiu o estado em cinco fases e enquadrou as regiões conforme os parâmetros de saúde.

Cada fase autoriza o funcionamento de determinadas atividades. A forma como o setor econômico poderá abrir varia — normal ou com restrições. Setores que empregam mais, com maior risco de falência e que criam menos risco de transmissão da covid-19 foram priorizados.

A capital paulista foi incluída na chamada fase 2, de liberações eventuais. A medida libera também as atividades de indústria não essencial e de construção civil.

Continua vetada a reabertura de espaços públicos, bares, restaurantes, salão de beleza, academia, teatro, cinema e eventos que geram aglomerações (incluindo os esportivos).

As regiões de Barretos, Presidente Prudente, Bauru e Araraquara/São Carlos terão liberação maior de atividades, mas não completa. Nenhuma região no estado, por enquanto, foi incluída nas chamadas fases 4 e 5 — de menores restrições e de controle da pandemia e liberação de todas as atividades com protocolos.

Segundo o governo, as fases de reabertura serão reavaliadas a cada 14 dias —a cidade pode avançar para fases com mais liberações ou restrições, dependendo dos índices de contaminação. Prefeitos deverão apresentar fundamentação científica para aberturas maiores. A prerrogativa do relaxamento, no entanto, cabe ao governo do estado.

A situação dos transportes e da educação ainda será definida. Os parâmetros de saúde serão revisados todas as semanas e os indicadores vão determinar se haverá progressão ou regressão de cada região.

As fases e o enquadramento das regiões administrativas

Fase 1 - liberação apenas de serviços essenciais, como está agora

  • Regiões: Baixada Santista, Registro (Vale do Ribeira) e Grande São Paulo. Abertos somente os serviços essenciais.

Fase 2 - momento de atenção da pandemia com liberações eventuais

  • Regiões: cidade de São Paulo, São José do Rio Preto, Araçatuba, Taubaté, Campinas, Marília, Sorocaba, Piracicaba, São João da Boa Vista, Ribeirão Preto e Franca. Aberto com restrições: atividades imobiliárias, concessionárias de veículos, escritórios, comércio e shoppings.

Fase 3 - momento controlado da pandemia com maior liberação de atividades

  • Regiões: Barretos, Presidente Prudente, Bauru e Araraquara/São Carlos. Aberto com restrições: bares e restaurantes, comércio, shopping e salões de beleza. Aberto sem restrições: atividades imobiliárias, concessionárias de veículos e escritórios.

Fase 4 - momento decrescente da pandemia com menores restrições

  • Regiões: nenhuma. Aberto com restrições: bares e restaurantes, comércio, shopping, salões de beleza e academias. Aberto sem restrições: atividades imobiliárias, concessionárias de veículos e escritórios.

Fase 5 - momento de controle da pandemia e liberação de todas as atividades com protocolos

  • Regiões: nenhuma. As atividades podem ser retomadas.

Regras para shoppings

Durante a fase de montagem do protocolo de reabertura de parte das atividades, o comitê econômico e o comitê de saúde reuniram-se com representantes de shoppings.

O UOL apurou que haverá regras para diminuir a circulação de clientes:

  1. Haverá limitação no acesso de pessoas ao interior dos shoppings e no acesso às lojas
  2. Todos deverão usar máscaras e será preciso oferecer álcool gel para funcionários e clientes
  3. Ninguém poderá deixar de usar máscaras
  4. Sistema de distanciamento também nos estacionamentos, que terão capacidade diminuída
  5. Número de carros será limitado e vagas fechadas

Flexibilização foi decidida em reunião

São Paulo está em quarentena desde 24 de março, e a flexibilização das regras foi anunciada no começo da semana. Ontem, todos os 645 municípios do estado mandaram dados de saúde que computaram o impacto do megaferiado. Estas estatísticas foram analisadas por especialistas para determinar em quais áreas poderia haver afrouxamento do isolamento social.

Em reunião com o governador no final da tarde de ontem, os prefeitos que representavam 14 das 16 regiões administrativas de São Paulo pediram a retomada de pelo menos parte das atividades. As duas exceções foram a Grande São Paulo e a Baixada Santista.

O vírus afetou fortemente a economia do Brasil e obviamente a economia do estado. Mesmo assim, São Paulo decidiu, com base na ciência, manter 74% das atividades em funcionamento do estado. E aqui cabe também aqueles do setor privado souberam seguir as normas para proteger seus colaboradores
João Doria, governador de São Paulo, hoje no Palácio dos Bandeirantes

SP é o epicentro da covid-19 no Brasil

A cidade de São Paulo é considerada o epicentro nacional da covid-19. Até a primeira semana de maio havia um entendimento de que seria necessário recorrer ao lockdown porque as UTI se aproximavam de 90% de ocupação. A prefeitura tentou bloqueio de vias, um rodízio ampliado e a antecipação dos feriados para criar seis dias de comércio fechado foi descrita como "última cartada" pelo prefeito Bruno Covas.

O entendimento é que as medidas deram certo - apesar de o rodízio ampliado e os bloqueios terem sido revogados. A capital alega que a taxa de contágio está em 1,1, ou seja, cada indivíduo infectado transmite o coronavírus para mais 1,1 pessoa.