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Deputados entram em hospital em SP; prefeitura diz que registrará queixa

Gabriela Sá Pessoa

Do UOL, em São Paulo

04/06/2020 23h33Atualizada em 05/06/2020 18h11

Resumo da notícia

  • Grupo de deputados e assessores entrou no hospital de campanha do Anhembi, em São Paulo, e filmou o local
  • De acordo com a Prefeitura, o grupo não tinha autorização para entrar e nem para filmar pacientes e profissionais
  • O secretário municipal da Saúde afirmou que a gestão de Bruno Covas (PSDB) vai registrar queixa-crime contra o grupo
  • "Quem tem que se explicar não somos nós, é a prefeitura", disse o deputado estadual Coronel Telhada (PP)
  • Funcionários reclamam que a visita foi uma "invasão de privacidade muito grande"

Um grupo de deputados e assessores entrou hoje à tarde no hospital de campanha do Anhembi, montado de forma emergencial pela prefeitura de São Paulo para atender às vítimas da covid-19.

De acordo com a Prefeitura, os políticos entraram no hospital sem autorização e filmaram pacientes e profissionais também sem autorização. O secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, afirmou que a gestão de Bruno Covas (PSDB) vai registrar amanhã queixa-crime contra o grupo de políticos.

Estiveram no hospital os deputados estaduais Coronel Telhada (PP), Letícia Aguiar (PSL), Adriana Borgo (PROS), Marcio Nakashima (PDT) e Sargento Neri (Avante). A ação foi filmada e publicada pelos próprios parlamentares em suas redes sociais. Em nota, o grupo afirmou que tinha autorização para entrar.

"Cinco deputados e assessores invadiram nesta tarde, quinta-feira (04/06), o HMCamp do Anhembi de maneira desrespeitosa, agredindo pacientes e funcionários verbal e moralmente, colocando em risco a própria saúde porque inicialmente não estavam usando EPI e a própria vida dos cidadãos que estão internados e em tratamento na unidade", diz a Prefeitura, em nota divulgada para a imprensa.

Os deputados negam a acusação. Em nota, eles dizem que tiveram a autorização da Iabas (Instituto de Atenção Básica e Avançada à Saúde), que administra o hospital, para entrar no local. Além disso, afirmam que o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, sabia que eles entrariam.

'Quem tem que se explicar é a prefeitura', diz deputado

O deputado Coronel Telhada disse que "as acusações são infundadas" e reiterou que as imagens falam por si. "Quem tem que se explicar não somos nós, é a prefeitura", afirmou Telhada ao UOL.

Segundo o ex-comandante da Rota, o grupo de deputados tem acompanhado a execução do orçamento destinado ao combate à pandemia, por isso foram até o hospital nesta quinta-feira. Ele também afirmou que já esteve em outros hospitais do estado e que o grupo de parlamentares irá oficiar o Ministério Público sobre a situação do Anhembi.

No vídeo publicado em rede social, Telhada diz que não há colchões nas camas e alas vazias estão sendo mantidas com dinheiro público. "Não precisa falar nada, as imagens já mostram. Infelizmente, tudo vazio", afirma o parlamentar, em dado momento do vídeo.

"Quantos milhões estão sendo gastos aqui do seu dinheiro, gente?", diz a deputada Adriana Borgo para a câmera, enquanto filma uma ala vazia da unidade. "Vou até tirar a máscara porque não tem ninguém doente aqui, tudo mentira."

Segundo o boletim divulgado hoje pela Prefeitura, há 407 pacientes sendo atendidos pelo Hospital de Campanha do Anhembi e outros 55 aguardam transferência para o local, que tem capacidade para receber 1.800 pacientes. Até agora, 82 pessoas tiveram alta e 8 foram transferidas para outras unidades de saúde.

"A Prefeitura de São Paulo mantém transparência pública, tanto o é que vários veículos de imprensa nacional e de outros países já visitaram as instalações, respeitaram as regras sanitárias para garantir a própria saúde, dos pacientes e dos profissionais, bem como parlamentares que respeitaram as regras vigentes também já foram atendidos", defendeu-se a gestão de Covas.

Segundo o secretário da Saúde, um grupo de 15 pessoas, entre deputados e assessores, foi ao hospital hoje sem aviso prévio. Ele diz que falou por telefone com os parlamentares e sugeriu que marcassem formalmente uma visita. "Tentaram entrar sem paramento nenhum e fizeram várias agressões verbais aos profissionais. Entraram gritando em áreas de pacientes, alguns deles estavam dormindo", declarou Edson Aparecido.

'Invasão de privacidade', dizem funcionários

Um vídeo de funcionários encaminhado à reportagem mostra os trabalhadores do hospital reclamando que a visita foi uma "invasão de privacidade muito grande" e que desrespeitou pacientes e profissionais do local. Telhada nega que tenham ofendido ou exposto hospitalizados ou funcionários.

Aparecido disse à reportagem que as alas vazias mostradas pelos deputados em vídeos estão assim porque esses setores só são acionados conforme a demanda. "Não adianta instalar e contratar recursos humanos na frente e não ter pacientes. A gente tem a estrutura preparada e, na medida que os pacientes chegam, vamos atendendo."

A reportagem não conseguiu entrar em contato com os outro quatro parlamentares até a publicação deste texto.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Em versão anterior dessa reportagem, foi informado incorretamente que 804 pacientes estavam internados no hospital. A informação foi corrigida.

1618 Comentários

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fhenrque

Qual é a novidade nessa visita dos deputados ? Para mim não fazem mais do que a obrigação e que também é dos vereadores, ou só ganham para "criar" leis e ficar votando nas suas respectivas câmaras ?

O desapontado

O TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO, A POLÍCIA FEDERAL E O MINISTÉRIO PÚBLICO DEVEM VERIFICAR E INVESTIGAR OS CONTRATOS (MILIONÁRIOS) DESSA ONG (IABAS) COM A PREFEITURA!!!... UMA ONG DESCONHECIDA SURGE E ASSUME A CONSTRUÇÃO, CONTRATAÇÕES, COMPRAS DE EQUIPAMENTOS, GESTÃO DE HOSPITAIS DE CAMPANHA (SEM LICITAÇÃO???), EM ANO DE ELEIÇÃO!!!... ESSA ONG IABAS ESTÁ SENDO INVESTIGADA POR DESVIOS DE RECURSOS PÚBLICOS NO RIO DE JANEIRO!!!... SERÁ COINCIDÊNCIA???... CONSTRUÇÃO DE 1.800 LEITOS E UTILIZAR 400!!!... TEM QUE INVESTIGAR, SIM!!!


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