Ministério da Saúde diz que retirou site do ar por causa de ataque hacker
O Ministério da Saúde informou neste domingo que ataques hackers fizeram o site de dados da covid-19 ser retirado do ar na sexta-feira e parte do sábado. A confirmação foi feita pela assessoria de imprensa que acrescentou ter ocorrido um aumentou nos padrões de segurança que causou problemas no fluxo de informações no sábado.
"No tocante, aos problemas de acesso dos Estados, ocorridos ontem, ressalta-se que foram devidos às várias tentativas de invasão ao ambiente do DATASUS [base de dados do SUS]. Por consequência fomos obrigados a tomar algumas providências para ampliar os perímetros de segurança. Infelizmente, estes ajustes impactaram na interface que estava funcionando. A equipe técnica já executou seu trabalho e o serviço, neste momento, já se encontra em operação", informa trecho da nota da assessoria de imprensa do Ministério da Saúde.
A divulgação de informações relativas à covid-19 por parte do Ministério da Saúde foi muito criticada nos últimos dias. Os boletins com estatísticas começaram a ser liberados cada vez mais tarde. Eles eram divulgados durante a tarde, passaram para o começo da noite e os números chegaram a ser anunciados às 22 horas.
Isto ocorreu na última semana, quando o país registrou recordes de mortes pelo coronavírus. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) falou em tom de bravata: "Acabou matéria no Jornal Nacional". A medida e a declaração foi interpretada como um subterfúgio do governo federal para fugir dos principais telejornais.
As entrevistas coletivas também passaram a ser menos frequentes desde que o general do Exército Eduardo Pazuello se tornou ministro interino da Saúde. Outro movimento foi retirar os dados totais de mortes dos boletins. A justificativa para o esvaziamento foi de que a informação não refletia a situação real do Brasil.
Por fim, na sexta-feira e parte do sábado, o site do Ministério da Saúde sobre a covid-19 ficou fora do ar. Com este cenário de esvaziamento de informações e página fora do ar, as estatísticas sobre o Brasil deixaram de aparecer no site da Universidade Johns Hopkins, referência em global de monitoramento da pandemia da covid-19, por um período na tarde deste sábado. Em paralelo, o governo federal anunciou que ia recontar as mortes e verificar números "fantasiosos" da pandemia.
O esvaziamento das estatísticas foi duramente criticado por parlamentares, juristas e cientistas. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta classificou a atitude como "infantilidade absurda". O ministro do STF Gilmar Mendes disse que esconder dados é "manobra de regimes totalitários". Os secretários estaduais de Saúde lançaram uma plataforma paralela com dados atualizados neste domingo.
Governo muda boletim e reduz mortes
A reação forte fez o governo federal recuar. Neste domingo, o Ministério da Saúde divulgou as estatísticas completas e se comprometeu a repassar informações detalhadas sobre a pandemia. Mas a promessa de transparência foi seguida de uma mudança nos números que tinham acabado de ser anunciados.
No domingo à noite, foram informadas 1.382 mortes por covid-19 no país no intervalo de 24 horas. Mais tarde, o Ministério da Saúde reduziu o total para 525, uma diferença de 857 óbitos. Não houve explicação para a mudança.
A postura foi diferente quando o governo federal quis justificar o esvaziamento das informações nos boletins. A explicação do ataque hacker surgiu na noite de domingo. Cabe ressaltar que na última semana, o grupo Anonymous vazou dados pessoais do presidente Jair Bolsonaro. Os filhos dele, Carlos, Eduardo e Flávio Bolsonaro, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, o ministro da Educação, Abraham Weintraub e o deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) também foram vítimas.
Mas em nenhum momento da semana a ameaça cibernética foi mencionada como causa do esvaziamento dos dados. O discurso era de que o padrão antigo, com o total de mortes, não transmitia a verdade sobre a pandemia.
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