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Covas relata apreensão ao contrair covid-19 durante tratamento oncológico

3.jun.2020 - Bruno Covas (PSDB), prefeito de São Paulo, relatou apreensão ao contrair covid-19 durante tratamento oncológico - Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo
3.jun.2020 - Bruno Covas (PSDB), prefeito de São Paulo, relatou apreensão ao contrair covid-19 durante tratamento oncológico Imagem: Roberto Casimiro/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

20/07/2020 14h07

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), relatou ter ficado apreensivo ao ser diagnosticado com covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, no mês passado. O tucano, de 40 anos, trata um câncer nos gânglios linfáticos.

"Claro (que ficou angustiado), imagine eu lidando com milhares de mortes na cidade de São Paulo, passando por um tratamento oncológico, ainda receber a notícia que testei positivo. É claro que causou uma apreensão. O fato de nunca ter sentido nada diminuiu muito a angústia", afirmou o prefeito, em entrevista ao jornal O Globo.

Apesar do diagnóstico, o prefeito disse que ficou assintomático e descobriu que estava com covid-19 ao fazer um teste depois que um assessor contraiu o vírus. "Não tive nenhum sintoma. Fiquei duas semanas em casa, em isolamento. Não tive nenhuma dor, tosse, dor de garganta, febre, dor para respirar, perda de olfato ou paladar", relatou.

Questionado se acredita que se expôs demais, Covas afirmou ser impossível saber em que momento efetivamente contraiu o vírus. Ele explicou ainda que durante a pandemia não esteve no grupo de risco do coronavírus por não estar imunodeprimido.

"Em fevereiro eu comecei a imunoterapia e no fim do mês já estava com a imunidade em níveis normais. Os médicos me liberaram para voltar a ter agenda externa e, em 15 dias, veio a pandemia. Ai deixei, por esse outro motivo, de ter agenda externa, mas durante o período de pandemia nunca estive imunodeprimido, no grupo de risco do coronavírus."

Para ele, o dia em que descobriu que estava com câncer foi o pior momento até hoje. "É como bater num muro andando a 120 km por hora. A notícia pega totalmente desprevenido. De longe, foi o pior."

Questionado se pensou em se afastar do cargo e desistir de se candidatar à reeleição, Covas disse que o faria caso os médicos recomendassem. "Mas em nenhum momento recomendaram. Muito pelo contrário, até me incentivaram a continuar com a cabeça ocupada", diz.

Enfrentamento à pandemia

O tucano falou ainda sobre o plano do governo do estado para retomada das atividades conforme critérios médicos e epidemiológicos, batizado de Plano São Paulo.

Questionado se discordou dele em algum momento, Covas disse que "o estado toma decisões baseado em números que valem para todo o estado. A Prefeitura toma decisões com base na realidade local. Às vezes tem que compatibilizar as duas visões".

Ele citou como exemplo a reabertura dos restaurantes — o estado limitou o funcionamento até 17 horas, podendo atender na área externa.

"Na cidade de São Paulo, por entender que é muito mais difícil fiscalizar na parte externa e não ter calçadas largas na cidade, achamos melhor fazer na área interna, até 22 horas. Acabamos compatibilizando, tendo como regra o mais restritivo. Então o funcionamento ficou até 17 horas, apenas na parte interna. Não é uma visão diferente de mundo. O estado olha a realidade de Rosana, no Pontal do Paranapanema, a Bananal, na divisa com o Rio. A gente olha a realidade local", analisou.

Covas disse ainda que "o vírus jogou luz sobre a desigualdade na cidade".

"No início do ano a cidade tinha 507 leitos de UTI para 60% da população que é SUS dependente. Então 7,5 milhões de paulistanos e paulistanas contavam com 507 leitos. Os outros 40% da população que tem condição de ter plano de saúde ou pagar hospital privado têm à disposição mais de 4 mil leitos de UTI. Sempre soube que havia um atendimento melhor na rede privada, mas o número é muito assombroso. Assusta demais. É uma discrepância muito grande."

Serra e Alckmin

O prefeito também comentou a situação dos colegas de partido Geraldo Alckmin — indiciado pela PF (Polícia Federal) na semana passada sob suspeita da prática dos crimes de corrupção passiva, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro — e José Serra, denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) por suspeita de lavagem de dinheiro transnacional.

"Tenho certeza e convicção que tanto o senador José Serra quanto o ex-governador Geraldo Alckmin vão provar sua inocência. O que é ruim é essa condenação prévia. Primeiro que uma (pessoa) nem foi transformada em ré", disse.

"Os dois têm uma contribuição dada a São Paulo e ao Brasil muito grande. São pessoas que conheço de longa data e que, tenho certeza, vão conseguir provar sua inocência", acrescentou.