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Pandemia não dá indícios de desacelerar nas Américas, diz diretora da Opas

Carissa Etienne citou recordes de novos casos positivos em países do continente - Reprodução
Carissa Etienne citou recordes de novos casos positivos em países do continente Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

21/07/2020 12h56Atualizada em 21/07/2020 13h15

A diretora da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), a Dra. Carissa Etienne, afirmou que a pandemia do coronavírus ainda não mostrou sinais de desaceleração nas Américas.

Em entrevista da organização realizada hoje, Carissa citou números alarmantes da região e ressaltou a importância de vacinas contra a gripe para diminuir a utilização de hospitais.

"Na última semana, foram 900 mil casos novos e cerca de 20 mil mortes, a maioria nos EUA, Brasil e México. A maior parte dos países da América está notificando aumentos semanais mais altos desde o começo da pandemia", iniciou.

"A covid-19 segue se propagando com altas repentinas e observamos a propagação do vírus também em países como Guiana Francesa, Suriname e Guiana. Em países do sul, como Chile, Argentina e Uruguai, foram realizados avanços importantes, como o fortalecimento da vigilância e campanhas de vacina antigripal. A circulação da gripe tem sido baixa nestes locais. A higienização das mãos e o isolamento podem ajudar na redução de outros vírus."

Ao ser questionada sobre os perigos da reabertura do comércio na atual situação, Carissa afirmou que é importante que os governos tenham uma boa quantidade de leitos disponíveis para que não haja um colapso.

"Haverá o desafio de atender toda a demanda e necessidade de expandir o sistema sanitário. É importante garantir insumos e ao mesmo tempo reorganizar o sistema para oferecer os serviços essenciais, principalmente priorizando os grupos de risco e em condições de vulnerabilidade. Os centros médicos também devem ter medidas de controle e tratar infecções de maneira racional. É preciso reorganizar espaços físicos e limitar a circulação, reforçando a infraestrutura para permitir o distanciamento social, desde a triagem até as salas", falou.

Também presente na conferência, o brasileiro Jarbas Barbosa, vice-diretor da Opas, abordou a questão das vacinas. Para ele, os avanços dos testes precisam ser celebrados com cautela.

"Não temos a vacina, então é importante seguir o distanciamento social. Há um esforço tremendo para ter uma vacina contra a covid-19, são mais de 150 projetos. Neste momento, temos cinco vacinas na fase 3, que é a final, mas dura vários meses porque é preciso testar em cerca de 50 mil pessoas. É fundamental que as vacinas possam chegar ao final do processo e que previnam, de fato, a infecção. Diante disto, é possível que se tenha muitas oportunidades de vacinas em um período de 6, 8 meses, 1 ano", pontuou.

Contaminação em indígenas volta ao debate

Um dia depois de a OMS (Organização Mundial da Saúde) citar os perigos do coronavírus em comunidades indígenas, o tema voltou a ser debatido, desta vez na Opas.

Para o gerente de incidentes do órgão, Dr. Sylvain Aldighieri, cabe aos governos introduzirem os índios nos debates para tentar sanar o problema.

"A pandemia é um risco para quem vive em áreas urbanas e em lugares remotos também. Para interromper a transmissão e controlar a propagação do vírus, recomendamos que os indígenas participem de ações para detectar casos o mais cedo possível, assim, é possível isolá-los", iniciou.

"Criando uma vigilância comunitária, é capaz que a disseminação desacelere. É importante incluir os líderes locais também na interpretação dos casos com uma boa comunicação não só na questão da tradução, mas também considerando práticas locais", finalizou.