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Idosa recebe alta e homenagem por cura da covid-19, mas morre dias depois

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

24/07/2020 18h23Atualizada em 24/07/2020 20h03

Rosa Neves Magalhães, de 92 anos, morreu com diagnóstico de covid-19 dias após receber alta no hospital Evandro Freire, na Ilha do Governador, na zona norte do Rio. Rosa chegou a receber uma homenagem da equipe médica, com a plaquinha 'eu venci a covid-19', pois estaria curada da doença causada pelo coronavírus, na avaliação dos médicos.

Ela deu entrada na unidade em junho com sintomas de tosse e febre. De acordo com a neta de Rosa, Gabriela Telles, 25, a paciente recebeu alta após ficar alguns dias internada, mas voltou a passar mal e precisou novamente ficar no hospital.

Os familiares acreditam que Rosa tenha se contaminado dentro do hospital e recebido alta sem que estivesse curada.

"Ela foi internada na primeira vez com tosse e febre, a gente suspeitava de pneumonia, pois ela já teve outras vezes, estava bem fraquinha. Depois que ela deixou o hospital, meu avô, meu pai, minha mãe e meu tio, todos que estiveram com ela, apresentaram diagnóstico de covid depois da primeira internação. Por isso, a gente acredita que ela tenha se contaminado no hospital e foi liberada sem que estivesse curada", disse Gabriela, ao UOL.

Casal Edvaldo e Rosa - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Edvaldo Pereira dos Santos, de 93 anos, viúvo de Rosa, está com diagnóstico positivo para covid-19
Imagem: Arquivo pessoal
Segundo a família, Rosa foi internada pela primeira vez no dia 23 de junho e teve alta em 1º de julho, quando recebeu a homenagem na saída do hospital. Acabou internada novamente no último dia 12 e morreu dia 20. Os familiares foram informados do óbito no dia 21.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio informou ao UOL que a idosa teve alta depois de sete dias de internação, após apresentar melhora do quadro clínico e completar 14 dias do início dos sintomas.

A neta conta que, ao retornar pela segunda vez ao hospital Evandro Freire, o tratamento oferecido foi novamente para covid-19. Além disso, a paciente foi transferida para outra unidade sem autorização e sem que a família fosse comunicada.

"Ficamos um dia todo sem notícias dela, acabamos indo lá e disseram que ela foi transferida para Caxias. Não demos essa autorização, nem fomos avisados sobre a transferência. A gente acredita que minha avó, na primeira internação, não tinha covid. Nem estávamos vendo ela. Eu não a via desde o Carnaval. Levávamos as compras e deixávamos na porta. Como ela saiu [do hospital] de plaquinha e precisou ser internada de novo e com diagnóstico de covid? E como a família só apresentou sintomas depois que ela voltou?, questionou a neta.

Rosa faleceu na última terça-feira. A família agora se preocupa com o viúvo Edvaldo Pereira dos Santos, de 93 anos, que está com diagnóstico positivo para doença. Ele tem problema de coração e glaucoma.

Resposta da Secretaria Municipal de Saúde

A SMS do Rio informou, através de nota, que não soube da morte da paciente internada em Duque de Caxias e que se solidariza com a família.

De acordo com a pasta, "todos os protocolos foram seguidos e não é possível avaliar onde a Dona Rosa foi infectada. Cabe lembrar que há mais de três meses foi decretada a transmissão comunitária da covid-19 no Rio - quando é impossível saber a origem do contágio".

Segundo a SMS, a paciente deu entrada no Evandro Freire no dia 24 de junho, apresentando sintomas compatíveis com covid-19, como comprometimento dos pulmões, e os exames realizados, incluindo tomografia, indicaram que a paciente poderia estar infectada pelo vírus e "diante disso, foi tratada como paciente com suspeita da doença. O tratamento de Dona Rosa seguiu rigorosamente o protocolo do Ministério da Saúde - que determina que todo caso suspeito seja tratado como tal, independente do resultado do exame específico para detectar o vírus".

"A melhora da Dona Rosa foi comemorada, sim, como uma vitória sobre a covid-19, doença para qual estava sendo tratada, num gesto de carinho por parte da equipe de profissionais de saúde que cuidou da paciente durante o tempo que ela ficou internada", acrescentou a SMS.