Após 9 meses esperando diagnóstico, mulher retira tumor gigante em Cubatão
Depois de uma angústia de dez meses, nove esperando diagnóstico, a aposentada Vera Lucia Cardoso da Silva, 69, finalmente teve um "tumor gigante" retirado em uma cirurgia no sábado (25). A demora foi tanta que a aposentada só conseguiu operar depois que sua filha, Adriele Silva, recorreu às redes sociais.
Dona Vera passou a se preocupar com a saúde dos rins em setembro do ano passado, quando começou a urinar sangue ao acordar. Preocupada, recorreu a um nefrologista particular, que não identificou o tumor e lhe receitou antibióticos.
"Quando ela parava de tomar o remédio, o sangramento voltava", contou Adriele ao UOL. "A gente voltou ao médico, mas ele só receitava antibiótico. Quando uma das cartelas acabou, minha mãe passou a urinar sangue todas as vezes que ia ao banheiro."
Adriele, então, abandonou o médico particular e foi à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) em Santos, que a diagnosticou com infecção urinária, mas pediu exames complementares.
"Um dia minha mãe ficou 24 horas sem urinar. Voltamos para a UPA, que por sorte pediu um ultrassom. Levamos o exame a um urologista, que bateu o olho e viu que era um tumor gigante, de 12 centímetros", diz Adriele. "Ele, então, pediu uma ressonância."
Em janeiro, o especialista analisou a ressonância, confirmou o tumor e fez um encaminhando para um hospital público para o tratamento oncológico.
"Não temos dinheiro para a biopsia, radioterapia ou cirurgia", diz a filha. Demorou um mês até que conseguisse um urologista na rede pública oncológica.
"Mas entrou a pandemia e ficou tudo parado. Em 22 de março, fui à Defensoria Pública em São Vicente. Em 29 de março, o juiz determinou que em dez dias ela teria de iniciar um tratamento, mas a ordem não foi cumprida."
No dia 3 de julho, dona Vera voltou com novos exames, "mas o médico disse que não poderia operar porque o tumor estava muito grande".
Desesperada, Adriele foi às redes sociais e publicou um desabafo.
"Aí todo mundo começou a compartilhar, virou notícia e em uma semana ela conseguiu operar. Minha mãe foi operada ontem."
A operação
Um dos médicos que ajudou a acelerar o processo foi o urologista Fabio Atz, do Hospital Municipal de Cubatão, que há um mês inaugurou um ambulatório oncológico para atender os pacientes da Baixada Santista que estão na fila por cirurgia.
"Dona Vera é uma paciente hipertensa, diabética. Fui ver essa paciente no dia 17 de julho e tomei a decisão de operá-la ontem. Foi um sucesso, ela está bem", afirmou ao UOL.
"Ela tinha um tumor grande, muito volumoso, com 12 centímetros que ocupava todo o rim direito, que precisou ser removido", diz. "Quem não tem acesso a convênios, corre o risco de ficar com tumores maiores porque os diagnósticos acabam retardados."
Ele explica que o câncer no rim não tem sintoma. "Se isso [os sintomas aparecerem] acontece é porque está em estado avançado. Mas esse caso mostra que câncer tem cura, que nem todos matam e que é importante fazer exames periódicos."
Para Adriele, o nefrologista particular demorou a descobrir o tumor e o "poder público ficou jogando de um lado para o outro".
Se não fosse a publicação nas redes sociais, o pior tinha acontecido, porque minha mãe não estava sendo tratada.
Adriele Silva, filha de dona Vera
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