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Países precisam controlar pandemia antes de pensar em reabertura, diz Opas

Diretora da Opas diz que opção entre saúde e economia não deve existir - Getty Images
Diretora da Opas diz que opção entre saúde e economia não deve existir Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

30/07/2020 13h44

A Opas (Organização Pan-americana da Saúde), braço da OMS (Organização Mundial da Saúde) para a América Latina e Caribe, pediu hoje que os países da região somente pensem em flexibilizar o isolamento social depois que tiverem a pandemia da covid-19 sob controle.

Em conjunto com a Cepal (Comissão Econômico para América Latina e Caribe), a Opas lançou um relatório que cruza os impactos do coronavírus na saúde e na economia da região. A orientação é que a saída da crise seja baseada em três fases: controlar a pandemia, reativar a economia gradualmente e reconstruir a sociedade.

"Vimos várias vezes que a atividade econômica completa não pode ser retomada, a menos que tenhamos o vírus sob controle. E tentar de outra maneira coloca vidas em risco e amplia a incerteza trazida pela pandemia", disse Carissa Etienne, diretora da Opas.

Opas e Cepal afirmaram que os países precisam optar pela saúde em primeiro lugar para depois pensar nos impactos econômicos. "Os países devem evitar pensar que precisam fazer uma escolha entre reabrir economias e proteger a saúde e o bem-estar de seu povo. Esta, de fato, é uma escolha falsa", declarou Carissa

"Precisamos integrar abordagens de saúde e proteção social para mitigar o terrível impacto da covid-19 em meios de subsistência econômicos para que quem está doente não precise escolher entre sua saúde, um teto ou comida para família — ou cair na pobreza por contas médicas", reforçou.

Acesso universal à saúde

Alicia Bárcena, secretária executiva do Cepal, reforçou a importância de que os países coloquem a saúde em primeiro lugar.

"Temos que repensar mundo em uma maneira diferente, temos que fazer a sociedade pensar na importância do acesso universal à saúde", defendeu Alicia, que lembrou da recomendação da Cepal de que as nações invistam, ao menos, 6% do PIB na saúde pública. "[Para isso,] precisaremos de novas tecnologias para aumentar a eficiência e a tecnologia na saúde", explicou.

"Esse estudo que mostra como a pandemia revelou os problemas estruturais do modelo de desenvolvimento da América Latina", disse.

Segundo o Cepal, as faixas da população mais vulneráveis à covid-19 na região são os idosos, trabalhadores informais, mulheres (especialmente as que trabalham no setor da saúde), povos indígenas, negros, pessoas com deficiência e imigrantes.

Impacto da pandemia

O relatório da Cepal aponta que o PIB da região deve cair 9,1%. A previsão anterior, divulgada em abril, era de um encolhimento de 5,3% para este ano. O índice em alguns países sul-americanos será quase o dobro da previsão para o mundo, que deve ficar em 5,2%. A redução do PIB brasileiro em 2020 deverá chegar a 9,2%. Devem sofrer contrações maiores Argentina (-10,5%), Peru (-13%) e Venezuela (-26%).

A Cepal também estima um aumento do desemprego e da pobreza. A taxa de desocupação vai afetar 44 milhões de pessoas, correspondendo a 13,5% da região. O resultado poderá marcar um aumento de 5,4 pontos percentuais (p.p.). em relação a 2019, quando era 8,1%.

A pobreza deve aumentar de 30,2% para 37,3% em relação ao ano passado. E a pobreza extrema deve crescer de 11% para 15,5% no mesmo período. Essa é uma cifra muito preocupante, pois essas pessoas podem não conseguir cumprir com sua dieta alimentar mínima.