Secretário: plano de vacinação 'existe' e deve ser divulgado semana que vem
O secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, afirmou hoje que o plano de vacinação contra a covid-19 "existe" e deve ser divulgado na próxima semana. Ele disse que o plano está sendo revisado pela pasta no momento.
"A gente acredita que na próxima semana esse plano seja apresentado", disse em audiência da comissão da Câmara sobre a doença. "O fato concreto é que o documento final está sendo revisado".
Pela manhã, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, deu entrevista à CNN Brasil para detalhar o plano de logística. Ele disse que se houver aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e se o governo federal conseguir doses da vacina produzida pela Pfizer, seria possível começar a vacinação em dezembro ou janeiro.
Essa é a terceira vez que o ministério muda a previsão da data inicial da vacinação nacional contra a covid-19 em duas semanas.
As informações apresentadas à CNN não foram compartilhadas pelo ministério com os demais veículos de imprensa. Segundo a assessoria do ministro, o documento que foi apresentado à CNN era "preliminar" e poderia sofrer alterações.
Arnaldo Medeiros ressaltou não ter acompanhado a entrevista pela manhã, pois estava na audiência da Câmara, mas citou entender que houve a "apresentação simbólica" de um plano para a imprensa pelo ministro.
Medeiros fez uma apresentação de informações já divulgadas sobre ações do governo para a compra de vacinas contra a covid-19, sem citar datas para o início da vacinação. Após questionamentos de deputados federais, afirmou que não levou o plano mais detalhado porque precisaria de mais tempo para apresentá-lo.
À tarde, o Ministério da Saúde divulgou nota em que informou que o plano será apresentado "em breve, em evento", sem precisar quando.
"É importante informar que o plano está estruturado, mas pode sofrer alterações à medida que os ensaios clínicos das diferentes vacinas sejam concluídos, as mesmas sejam registradas na Anvisa, incorporadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) e adquiridas. Temos uma equipe extremamente qualificada trabalhando neste material há mais de 3 meses e que seguirá nesta missão enquanto estivermos vacinando a população, observando sempre a curva epidemiológica e a oferta de novos imunizantes", informou Pazuello, em nota.
Presos são excluídos de grupos prioritários, aponta apresentação
O Ministério da Saúde excluiu a população carcerária dos grupos prioritários no plano preliminar de vacinação contra a covid-19 no país, aponta apresentação hoje do secretário. Presos já não constavam entre os grupos da chamada fase 4 da vacinação, ao contrário do que chegou a ser divulgado pela pasta em 1º de dezembro.
Arnaldo Medeiros disse que a definição dos grupos ou das fases em que ocorrerá a vacinação está em "constante mudança, porque vai depender do quantitativo de doses que efetivamente teremos para um determinado tempo". Ele ressaltou ainda que a vacina precisa ser registrada pela Anvisa e comprada pelo ministério antes.
Segundo o secretário, os grupos prioritários hoje são:
Fase 1: trabalhadores de saúde, idosos acima de 75 anos, idosos acima de 60 anos em instituições de permanência longa, população indígena.
Fase 2: pessoas de 70 a 74; pessoas de 65 a 69, pessoas de 60 a 64.
Fase 3: pessoas com comorbidades.
Fase 4: professores, trabalhadores das Forças de Segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional.
Deputados e entidades cobram União
Deputados federais e entidades de gestores e empresas da área de saúde cobraram hoje o Ministério da Saúde sobre a definição de planos de vacinação contra a covid-19 e de compras de insumos necessários à aplicação dos futuros imunizantes, como agulhas e seringas.
Para eles, a vacinação deve ser coordenada pela pasta, mas as informações divulgadas até o momento ainda não dão clareza sobre quem vai organizar a vacinação e quais grupos serão os prioritários na campanha.
Enquanto o governo federal afirma que a vacinação contra a covid-19 será feita por meio do Programa Nacional de Imunizações com vacinas registradas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), alguns estados e municípios já correm atrás de comprar imunizantes mesmo sem a aprovação da agência reguladora. O governo estadual de São Paulo, inclusive, fala em data de início para a aplicação da vacina CoronaVac: 25 de janeiro.
A deputada Carmen Zanotto (Cidadania -SC) afirmou que o controle do sistema de vacinação tem que ser de competência única do Ministério da Saúde. Ela disse que, caso contrário, poderá haver um "caos" para o SUS (Sistema Único de Saúde) com arrombamento de salas de vacinação, brigas na fila de postos de saúde e roubo de caminhões com vacinas.
"Governo federal, através do Ministério da Saúde, quero fazer aqui este apelo. Precisa dizer com todas as letras: 'Quem vai adquirir a vacina para distribuir para toda a população brasileira conforme os critérios definidos por grupos prioritários será o governo federal, desde que essas vacinas tenham comprovadas sua eficácia e eficiência. Nós vamos estar adquirindo e dando as diretrizes'. Caso contrário, a corrida individual já iniciou. E isso poderá ser um caos para o SUS e o Brasil", declarou.
O deputado federal Átila Lira (PP-PI) disse ser aliado do governo, mas estar com "vergonha" da atuação do ministério e ser "inaceitável essa desordem" da vacinação no país.
Arnaldo Medeiros disse ser o "desejo" do ministério fazer a coordenação do Programa Nacional de Imunização quanto à covid-19. No entanto, a pasta só poderá saber o quantitativo efetivo de vacinas a ser recebido quando houver registro ou parecer da Anvisa, além de mais respostas dos laboratórios desenvolvedores, informou.
Além de pedirem mais detalhes do plano, os presidentes do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) e do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde) reforçaram preocupação perante a eventual falta de seringas e agulhas para a vacinação se não houver uma ação coordenada de compra pelo Ministério da Saúde.
Medeiros disse que a pasta está com processo aberto para a compra desses insumos e a aquisição será feita por lotes de acordo com a demanda.
Secretário da Abimo (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios), Paulo Henrique Fraccaro disse que a demanda já está crescendo com a busca de estados e municípios, e que a indústria nacional dá conta de atender aos pedidos desde que haja organização e procura fracionada. Também disse ser necessário saber qual vacina será utilizada.
"Não adianta querer comprar todas as seringas de uma vez só. A entrega tem que ser em função daquilo que vou ter de vacinas", falou.
Ele informou que as empresas brasileiras esperam uma programação do governo e podem fabricar de 5 milhões a 8 milhões de seringas de 3 ml e 5 ml por mês, com prazo inicial de entrega de 30 a 45 dias após o recebimento do pedido.
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