Pazuello agora fala em imunizar país todo em 2021 e usar registros de fora
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, disse hoje que o governo federal pretende imunizar toda a população brasileira contra o novo coronavírus no ano que vem. Até agora, as previsões de doses negociadas pelo governo indicavam quantias suficientes para vacinar pouco mais da metade dos brasileiros.
"2021", disse o ministro quando questionado sobre o prazo fixado pela administração federal para que toda população esteja imunizada, durante entrevista à Jovem Pan.
"Acreditamos que a gente chegue aí a metade de 2021, início do segundo semestre, já com bastante cobertura", acrescentou ele.
No entanto, segundo Pazuello, não é necessário esperar vacinar todas as pessoas para ter os efeitos de uma estratégia de vacinação. "Não tem que esperar vacinarmos 215 milhões de pessoas para ter os efeitos de uma estratégia de vacinação. Ela visa imunizar grupos de pessoas que vão trazer a contaminação para níveis bem razoáveis", argumentou.
Atualmente, o governo federal tem acordos com o laboratório AstraZeneca para receber 260 milhões de doses e insumos para fabricação em 2021 da vacina produzida em parceria com a Universidade de Oxford. Seriam 100 milhões no 1º semestre e mais 160 milhões no 2º semestre.
Além disso, haverá 42 milhões de doses de alguma vacina que virão do consórcio Covax Facility, feito mundialmente. Portanto o SUS (Sistema Único de Saúde) tem a garantia de 300 milhões de doses para 2021, segundo o Ministério da Saúde. Cada indivíduo precisará tomar duas doses, portanto existem vacinas garantidas para 150 milhões de pessoas.
Quando começa a vacinação?
Questionado sobre datas para dar início ao processo, ele disse que tudo depende do registro da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) e falou apenas em "possibilidades".
Ontem, em entrevista à CNN, o ministro disse que a vacinação emergencial pode começar ainda em dezembro no país, com doses da vacina da Pfizer/Biontech, mas elencou uma série de condições para que isso aconteça —todas elas, neste momento, bastante improváveis.
Pazuello explicou hoje que há dois caminhos possíveis para a aprovação de vacinas — um deles é aproveitar o registro de quatro grandes agências reguladoras internacionais (Estados Unidos, União Europeia, Japão e China).
"Por lei, a Anvisa vai receber esse processo dessa grande agência e vai quase que homologar o registro no Brasil. E ela, por lei, se pronuncia em até 72 horas se já encontrou indícios que poderá regular ou de que precisará aprofundar um pouco mais. É bastante acelerado", explicou.
O outro caminho, destacou, é a produtora da vacina entrar com o registro no Brasil e submeter documentação à Anvisa, o que seria mais demorado. "Entrando pelo Brasil vai cumprir um outro prazo que não é de 72 horas. O prazo que pode ser um pouco mais alongado, 30, 40 dias."
Chances de vacinação em dezembro
Questionado sobre as chances de iniciar a vacinação ainda em dezembro com doses da Pfizer, ele lembrou que não há vacina registrada no mundo — no caso do Reino Unido, a farmacêutica obteve uma autorização emergencial.
Pazuello disse que poderia haver essa possibilidade se a empresa pedir o uso emergencial, ressaltando, no entanto, que esta modalidade é para grupos muito restritos.
"Estamos falando em hipóteses ainda, estamos falando que é provável que a gente tenha o registro efetivo da FDA (agência federal americana) da Pfizer agora em dezembro nos Estados Unidos, isso vai acelerar o processo de registro no Brasil. Nós já temos previsão de receber 70 milhões de doses da Pfizer e sim, tentaremos adiantar de janeiro para o quanto antes."
Apesar das hipóteses levantadas por Pazuello, o Brasil ainda não fechou contrato com a Pfizer e a farmacêutica já afirmou que não conseguirá disponibilizar doses de seu imunizante para o país antes de janeiro.
Ontem, à CNN Brasil, o ministro afirmou que o plano nacional de imunização pode começar entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, o que seria uma terceira data diferente sugerida em duas semanas.
Anteontem, o ministro falou que o início de uma campanha nacional de vacinação estava previsto para o final de fevereiro, com doses do imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford e pelo laboratório AstraZeneca. Na semana passada, a expectativa era que o plano começasse em março, embora o governo não tivesse oficializado uma data.
CoronaVac
Na entrevista, Pazuello também disse que comprará a CoronaVac, vacina contra a covid-19 produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, caso ela seja registrada na Anvisa.
Questionado sobre o assunto, Pazuello disse que "tem muita fumaça nessa discussão", em possível referência ao embate político envolvendo o imunizante e protagonizado pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que são desafetos políticos.
"Em português claríssimo, sim, vamos comprar as vacinas, caso sejam registradas e comprovadas com o preço dentro da lógica correta", assegurou.
* Com informações da Reuters
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