Topo

Esse conteúdo é antigo

Doria cutuca Bolsonaro por inaugurar relógio e cobra agilidade sobre vacina

Lucas Teixeira Borges, Rafael Bragança e Allan Brito

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL, em São Paulo

17/12/2020 13h15Atualizada em 17/12/2020 14h39

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou de forma velada o motivo da vinda de Jair Bolsonaro (sem partido) ao estado anteontem (15), quando o presidente inaugurou a Torre do Relógio da Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), após uma reforma. O político tucano aproveitou para cobrar agilidade do governo federal em relação à vacina contra a covid-19.

"O presidente veio a São Paulo para inaugurar um relógio na Ceagesp. Não quero discutir o que move o presidente a vir inaugurar um relógio em cima de uma caixa d'água", disse Doria durante entrevista coletiva realizada hoje no Palácio do Bandeirantes, na capital do estado. Na oportunidade, Bolsonaro discursou para centenas de pessoas.

"O Brasil espera que o relógio marque ponteiros da velocidade do tempo e que o governo federal possa salvar vidas. Ontem assistimos à apresentação do PNI [Programa Nacional de Imunização]. É um avanço, reconhecemos, mas a opinião pública ainda espera saber quando programa será iniciado", acrescentou o governador sobre a falta de uma data de início da vacinação.

Doria comentou que o governo federal segue sem dar uma data para o início da campanha de vacinação, tendo estabelecido apenas uma previsão: começar a imunização cinco dias após ter uma vacina à disposição e liberada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Hoje, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, voltou a citar uma combinação de fatores para dizer hoje que o Brasil poderá ter, em janeiro, 24,7 milhões de doses disponíveis de vacinas contra a covid-19 em janeiro.

"Estamos falando, em janeiro, de 500 mil doses da Pfizer, 9 milhões de doses do Butantan e 15 milhões a AstraZeneca. A data exata é o mês de janeiro. Pode ser 18, 20 de janeiro. Mas se nós pudermos compreender que o processo vai nos dar a data (...) já nos dá um novo desenho. Isso tudo dependendo do registro da Anvisa", afirmou.

"Não olhamos se a vacina é inglesa ou chinesa"

Em outro momento da entrevista de hoje, Doria foi perguntado sobre a origem da vacina CoronaVac, que foi produzida por um laboratório chinês, SinoVac, em parceria com o Instituto Butantan. O governador aproveitou para criticar "extremistas", em outro ataque indireto contra Bolsonaro.

"Em São Paulo não fazemos avaliação de vacina por origem. Não olhamos se é inglesa, chinesa, francesa ou portuguesa. Isso não importa. O que importa é segurança e eficácia. Para o mundo da ciência é isso que importa. Apenas extremistas cultivam a visão de que 'o que vem da China não é bom'. Não é nossa visão. Nossa visão é da ciência", cutucou Doria.

O governo Bolsonaro já se envolveu em problemas diplomáticos com a China. E o presidente afirmou, em outubro, que não compraria a CoronaVac por não confiar na origem dela.

Mas recentemente esse discurso mudou, pois o Ministério da Saúde já admitiu que pode comprar essa vacina se ela for aprovada pela Anvisa. O governo de São Paulo informou que aguarda, ainda nesta semana, uma proposta oficial do governo federal para compra da CoronaVac.

"Precisamos ter um documento firme, definitivo e irrevogável do Ministério para aquisição da vacina do Butantan. É o mesmo documento que ele já encaminhou para laboratórios internacionais, da Pfizer e da AstraZeneca, mas não encaminhou ao laboratório nacional, que é o Butantan", explicou Doria.