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Três países já aplicam outra vacina chinesa contra covid-19; conheça

Post publicado em julho pela SinoPharm com fotos que seriam dos funcionários que testaram a vacina - Associated Press/Ng Han Guan
Post publicado em julho pela SinoPharm com fotos que seriam dos funcionários que testaram a vacina Imagem: Associated Press/Ng Han Guan

Guilherme Castellar

Colaboração para o UOL, do Rio de Janeiro

23/12/2020 04h00

Enquanto o Brasil debate o início da imunização contra covid-19 com a adoção ou não da CoronaVac, uma outra "vacina chinesa" pouco falada por aqui já foi aprovada em três países. A BBIBP-CorV é um dos dois imunizantes desenvolvidos pela companhia estatal chinesa Sinopharm.

Ela é feita com a tecnologia de vírus inativado, a mesma adotada pela CoronaVac, que é produzida por uma farmacêutica privada, a Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan, que é vinculado ao governo paulista.

Desde o verão chinês — entre junho e agosto —, o produto da Sinopharm começou a ser aplicado em caráter emergencial em profissionais de saúde, autoridades governamentais e outros grupos especiais na China. Segundo a Sinopharm, até novembro cerca de 1 milhão de chineses haviam sido vacinados.

Nos Emirados Árabes Unidos, país que participa dos testes clínicos da fase 3, essa vacinação de grupos especiais começou em setembro. No último dia 9, o Ministério de Prevenção e Saúde do país anunciou o registro oficial da vacina para uso emergencial por toda a população.

O comunicado oficial trouxe ainda a primeira prévia da fase 3, que apontou uma eficácia de 86% do imunizante para prevenção de infecção de covid-19. Segundo o governo do país árabe, a análise mostrou ainda que a vacina produziu anticorpos neutralizantes em 99% dos vacinados e 100% de eficácia na prevenção de casos moderados e graves da doença.

O comunicado, no entanto, não trouxe mais detalhes dos resultados parciais, que ainda não são públicos e nem foram publicados em revista científica.

Quatro dias após o anúncio dos Emirados Árabes Unidos, o vizinho Bahrein também autorizou o uso da vacina. Qualquer cidadão com mais de 18 anos poderá tomar o imunizante gratuitamente.

O próprio rei do Bahrein Hamad bin Isa al-Khalifa tomou a vacina da Sinopharm nos testes da fase 3 e, neste período, já tinha liberado a vacina para os profissionais da linha de frente do combate à doença.

Outros países árabes já demonstraram interesse no produto, mas a vacinação ainda não começou nesses locais. O Egito recebeu, no dia 10, o primeiro carregamento do imunizante e as autoridades devem apresentar o plano de imunização nos próximos dias. O Marrocos já encomendou o produto e pretende vacinar 80% dos adultos da população ao longo de 12 semanas.

Início da vacinação com a CoronaVac

O andar acelerado do produto da Sinopharm eleva a pressão para a vacina concorrente da Sinovac e do Instituto Butantan —que é vinculado ao governo de São Paulo. A equipe de João Doria (PSDB) já adiou o anúncio da eficácia da CoronaVac. A nova previsão do Butantan é que os resultados da fase 3 sejam divulgados nesta semana.

O início da vacinação, antes previsto para dezembro, foi agendado para 25 de janeiro no estado de São Paulo. Mas, com a inclusão da CoronaVac no PNI (Plano Nacional de Imunização), do Ministério da Saúde, essa data passou a ser incerta.

Ao menos o resultado de 86% de eficácia da "outra vacina chinesa" pode ser uma boa notícia para o imunizante que está sendo fabricado em São Paulo.

"Se ela for de fato 86% eficaz, é algo encorajador para o perfil de proteção que a CoronaVac pode oferecer, já que são feitas nos mesmos moldes", avalia Daniel Mansur, pesquisador da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e consultor científico da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Além do Brasil, Indonésia e Turquia aguardam os resultados da terceira fase de testes da CoronaVac para iniciar a vacinação em massa.

Ao UOL, o Instinto Butantan afirmou que, em abril, acionou o grupo Sinopharm em busca de informações sobre os imunizantes em desenvolvimento e demonstrou interesse em uma parceria. Mas não obteve resposta.

A Sinopharm produz ainda uma segunda vacina com a tecnologia de vírus inativado. Ela também está em uso emergencial limitado na China e nos Emirados Árabes. No dia 11, o Peru pausou temporariamente os testes clínicos locais após um evento adverso em um voluntário. Seis dias depois, os testes foram retomados.

No Brasil, quatro vacinas estão em testes —incluindo a CoronaVac. Por enquanto, nenhuma tem registro e autorização de uso da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).