Teich e Mandetta dizem que faltou liderança no combate à covid-19
A avaliação de dois ex-ministros da Saúde do governo Jair Bolsonaro (sem partido) é a de que faltou liderança do governo federal no combate à pandemia do novo coronavírus.
Nelson Teich, ministro entre abril e maio deste ano, e Luiz Henrique Mandetta, à frente da Saúde entre janeiro de 2019 e abril de 2020, também afirmaram, em entrevista ao jornal O Globo, que a postura de Bolsonaro atrapalhou as medidas sanitárias de prevenção.
"A covid-19 suscita uma cooperação em todos os níveis. E o que o Brasil não tem é planejamento, estratégia, liderança, coordenação e informação. Isso não é uma coisa deste governo, deste ministério. É uma coisa que foi se estruturando ao longo de décadas", disse Teich.
Sobre o papel do presidente, Teich afirmou que as declarações de Bolsonaro contrárias às autoridades de Saúde confunde as pessoas e dificulta o combate à pandemia.
"Não ter uma comunicação alinhada, forte, todo mundo mandando a mesma mensagem, dificulta o combate à pandemia, claramente", afirmou Teich.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem criticado medidas de distanciamento social, afirmou que não irá se vacinar contra a covid-19 e tem evitado usar máscara em locais públicos.
Teich deixou o cargo em maio por discordar da pressão do governo pela ampliação do uso da cloroquina, medicamento sem comprovação científica no tratamento do vírus. O ex-ministro foi substituído no comando da Saúde pelo general Eduardo Pazuello.
Para Mandetta, o país enfrente uma crise tripla "de prevenção, atendimento e vacina". O ex-ministro também criticou a condução da pandemia por Bolsonaro.
"Primeiro, porque o presidente não acredita [no vírus]. Até hoje não houve uma fala do presidente que ajudasse a Saúde pública brasileira", disse Mandetta, ao Globo.
"Parece tudo errático. É preciso ter uma capacidade de liderança muito forte, e o Brasil está sem liderança em Saúde", afirmou Mandetta.
Com mais 483 novas mortes por coronavírus nas últimas 24 horas confirmadas ontem, o Brasil alcançou 190.515 óbitos causados pela covid-19 desde o início da pandemia. Segundo o levantamento do consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, o número total de infectados passou para 7.447.625.
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