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Mesmo após MP, Bolsonaro desestimula vacina: 'menos da metade tomará'

Bolsonaro criticou o uso emergencial de vacinas contra covid-19 - Alexandre Neto/Photopress/Estadão Conteúdo
Bolsonaro criticou o uso emergencial de vacinas contra covid-19 Imagem: Alexandre Neto/Photopress/Estadão Conteúdo

Colaboração para o UOL

07/01/2021 10h59Atualizada em 07/01/2021 21h15

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) editou ontem uma MP (Medida Provisória) que flexibiliza regras para aquisição de vacinas e insumos contra covid-19. Mesmo assim, na manhã de hoje, ele manteve o tom crítico contra os imunizantes, desestimulando a adesão a eles.

Ao falar com apoiadores perto do Palácio do Planalto, Bolsonaro perguntou quantas pessoas ali queriam tomar vacina. Três disseram que sim. Segundo o presidente, tinha um total de cerca de 20 pessoas no local. Uma apoiadora chegou a dizer que prefere morrer de covid-19 do que tomar vacina. Então Bolsonaro criticou a aprovação de vacinas para uso emergencial e disse que a maioria da população não pretende ser imunizada com elas.

Vacina sendo emergencial não tem segurança ainda. Ninguém pode obrigar ninguém a tomar algo que você não tem certeza das consequências. Alguém sabe quantos por cento da população vai tomar vacina? Pelo que sei, menos da metade vai tomar vacina. Essa pesquisa eu faço na praia, na rua e em todo lugar. Mas pra quem quiser vacinar, em janeiro vai ter. Deve chegar 2 milhões de doses em janeiro. O pessoal pode tomar sem problema algum."
Jair Bolsonaro

As vacinas que chegam na fase 3 de testes possuem segurança comprovada. Depois acontecem mais testes para avaliar a porcentagem de eficácia do imunizante. Todos esses resultados, tanto de segurança quanto de eficácia, são enviados para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que aprova os dados ou não, mesmo para uso emergencial - quando as doses são aplicadas apenas em grupos de risco.

Como Bolsonaro admitiu, essa pesquisa é pessoal e não tem base científica. De acordo com pesquisa Datafolha, 73% da população brasileira pretende se vacinar.

Bolsonaro também disse que as vacinas obrigatórias no Brasil são aquelas comprovadamente eficazes e seguras. E criticou os laboratórios por supostamente não se responsabilizarem por possíveis efeitos colaterais.

"Vacina emergencial tem laboratório produzindo. Esta na fase final de testes e tem gente morrendo. Eles dizem 'vocês querem? Tem aqui, mas não podemos nos responsabilizar por efeitos colaterais'. Eles não se responsabilizam por efeito colateral", alegou Bolsonaro.

Ontem, o Ministro da Saúde, Eduardo Pazzuello, fez um pronunciamento oficial e anunciou que o Brasil terá 350 milhões de doses de vacina contra covid-19. Serão 100 milhões de doses do laboratório chinês SinoVac e mais 250 milhões de doses da vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford e a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Ainda não há uma previsão de data para início da vacinação, mas tanto Pazuello quanto Bolsonaro estimam que isso acontecerá ainda em janeiro.