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'O povo está morrendo asfixiado. Orem pelo AM', diz técnica de enfermagem

Do UOL, em São Paulo

14/01/2021 16h33Atualizada em 14/01/2021 20h39

Uma técnica de enfermagem relatou, aos prantos, o drama vivido nos hospitais do Amazonas. Ela disse que muitos pacientes estão "morrendo asfixiado", sem cilindro de oxigênio, e que o sistema de saúde no estado "já entrou em colapso" devido à alta no número de casos provocados pela covid-19. O relato da profissional de saúde, que pediu para não ser identificada, foi feito em entrevista à rádio Bandnews FM.

"A gente trabalha sem capote, a gente trabalha com garrafa de álcool só para um dia. A gente não tem aquele padrão que tinha que ter, que já tinha que estar tudo preparado. Tem gente em tudo quanto é lugar. Não tem onde botar mais gente. A demanda por oxigênio é grande. Não tem. Eu só vejo pessoas no chão. Eu só tenho a dizer uma coisa para as pessoas: orem pela nossa cidade, orem pelo nosso estado", afirmou ela, bastante emocionada. (Assista ao depoimento da profissional abaixo)

"A gente fica triste com tudo o que está passando com o nosso estado. E cadê o Ministério Público? Eles deixaram agravar, ficar sem oxigênio. Eles deixaram chegar aonde chegou. As pessoas estão morrendo sem oxigênio. O povo está morrendo asfixiado. Pelo que eu vejo, o estado já entrou em colapso. Só Deus para nos resguardar", prosseguiu.

Pela segunda vez em oito meses, o sistema de saúde do estado do Amazonas tem sido falho, por causa da alta de casos e mortes provocados pela covid-19.

Na manhã da última segunda-feira, 362 pessoas aguardavam por leitos no estado, sendo que 46 situação mais grave precisavam de transferência para UTIs, que estão lotadas.

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, foi até Manaus para anunciar medidas de enfrentamento ao coronavírus no Amazonas. O governador Wilson Lima (PSC) pediu prioridade no envio de doses de vacina para grupos vulneráveis.

Sepultamentos batem recorde

Em um mês, o número de sepultamentos em Manaus cresceu 193% em meio à explosão do número de infectados pelo coronavírus no Amazonas. No dia 6 de dezembro, por exemplo, foram registrados 31 enterros na capital, número que subiu para 91 na última terça-feira, 5.

Por causa do aumento dos casos de covid-19, o prefeito de Manaus, David Almeida, decretou estado de emergência em Manaus pelo período de 180 dias para conter o avanço da pandemia na capital amazonense.

Na quarta-feira, foram 110 mortes por covid-19 entre as causas de óbitos no total de sepultamentos nos cemitérios de Manaus, superando a marca das cem mortes por coronavírus registrada em maio de 2020.