Ministro cita relação tranquila com China e importação encaminhada da Índia
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, negou que divergências políticas com a China causaram o atraso na entrega de insumos para produção de vacinas contra a covid-19 no Instituto Butantan e na Fiocruz. Ele participou hoje de uma reunião fechada com deputados.
"Temos relação madura, construtiva, muito correta, tranquila com a China", disse Araújo. "Não é um assunto político. É assunto de demanda por um produto", completou.
Iniciada na segunda-feira, a vacinação contra a covid-19 no Brasil pode ser interrompida em pouco tempo por dificuldades na importação de imunizantes prontos e de matéria-prima para a produção. O programa começou com 6 milhões de doses da Coronavac, importadas da China, cujo uso emergencial foi autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Agora, o Instituto Butantan aguarda a chegada do chamado insumo farmacêutico ativo, o princípio ativo da vacina, que também vem da China, para poder fabricar mais doses da CoronaVac.
Já a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) espera o envio pela China de insumos para produzir as primeiras doses da vacina Oxford/AstraZeneca no Brasil. No entanto, o atraso na entrega deve adiar de fevereiro para março o início da fabricação.
Outras 2 milhões de doses prontas da vacina Oxford/AstraZeneca, também tiveram o uso aprovado. Produzidas pelo laboratório Serum, da Índia, essas doses ainda não foram enviadas e não há previsão para isso. O governo brasileiro chegou a preparar um avião na semana passada para buscar o imunizante, mas o país asiático negou a liberação imediata.
Segundo o chanceler Ernesto Araújo, a importação da Índia de 2 milhões de doses prontas da vacina de Oxford está "bem encaminhada". Ele não apontou, porém, data para concretizar nenhuma das importações.
Impasses com China e Índia
Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, o chanceler Ernesto Araújo tem sido apontado por auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como corresponsável pelos fracassos diplomáticos do Brasil.
Para auxiliares do presidente, que falaram com a Folha sob condição de anonimato, a área de relações exteriores contribuiu para a derrota política de Bolsonaro, que assistiu ao governador de São Paulo, João Doria (PSBD), iniciar a vacinação no estado antes da distribuição de imunizantes em todo o país.
O governo vinha tentando antecipar desde dezembro um lote de 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca produzidas em um laboratório indiano. O objetivo era que as doses fossem usadas para dar o pontapé na campanha de vacinação no Brasil. Uma cerimônia no Planalto estava sendo preparada para a ocasião.
Ao longo de semanas, Araújo tentou coordenar esforços para conseguir a liberação da carga a tempo de garantir o cronograma desejado pelo Planalto, mas não houve êxito e, até o momento, não há prazo para que isso ocorra.
A principal crítica contra Araújo é que ele deveria ter sido claro sobre as dificuldades políticas para que a Índia desse luz verde para a venda, uma vez que Nova Déli não quis possibilitar a venda antes de iniciar a sua própria campanha de vacinação —algo que ocorreu no sábado (16).
*Com informações do Estadão Conteúdo
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