Volta às aulas em SP tem distanciamento, higienização e poucos alunos
Do total de 350 alunos previstos para voltar à Escola Estadual Brigadeiro Gavião Peixoto, em Perus, zona norte da capital paulista, apenas 110 decidiram ir, na manhã de hoje, no retorno das aulas presenciais na rede estadual.
Cada uma das 35 salas da maior escola estadual de São Paulo, que antes da pandemia do novo coronavírus abrigavam, de manhã, entre 30 e 40 alunos dos ensinos Fundamental 2 e Médio, tinham hoje entre três e dez. Ao todo, a unidade conta com 2.295 estudantes.
Ao passar pelo portão de entrada, os alunos foram recebidos pelos docentes com carinho: foram aplaudidos e escutaram músicas nos alto-falantes. Todos os alunos estavam com máscaras. Para entrar, tiveram a temperatura medida com termômetro infravermelho direcionado na testa.
Nas salas de aula, havia disponibilizados materiais educacionais individuais, para evitar compartilhamentos de itens, como caneta, lápis e borracha. As mesas e cadeiras estavam dispostas com distanciamento.
Alguns professores saíram das salas de aula com os alunos e lecionaram atividades, ou físicas ou teóricas, ao ar livre, de maneira estática ou caminhando, mas sempre com distanciamento.
Ao entrar nas salas, os professores, com máscaras e proteção face shield, traziam consigo, além do material didático, álcool em gel, que podiam ser usados por eles e pelos alunos.
O intervalo foi dividido entre dois horários, com distância de horário de uma hora entre um e outro. No primeiro horário, foram para o local de merenda os alunos das salas pares. No segundo, o das salas ímpares.
Enquanto conversavam fora da sala, os alunos se mantiveram juntos, com pouco distanciamento, mas sempre com máscara. Nos corredores, álcool em gel era distribuído.
Os bebedouros funcionavam, com distanciamento entre uma e outra torneira. Os banheiros tinham demarcação de distanciamento no chão, que estava sendo seguida pelos estudantes.
Saudade, dificuldade de acesso e merenda
Os alunos não são obrigados a ter aula presencial. Os que se sentem inseguros e os integrantes de grupo de risco podem continuar acompanhando as aulas remotamente.
Já aqueles que desejam ir para a escola, farão um intercâmbio de semanas. A cada sala, 10 alunos podem ir presencialmente. Na semana seguinte, dão lugar a outros 10 e assim sucessivamente.
A estudante Bárbara Rodrigues, 14, afirmou que "quis voltar porque estava com muita saudade". Ela disse que encontrou a escola bem diferente do que estava acostumada.
"Tá com pouca pessoa, antes era bastante. Tinha mais de 30 alunos, hoje tem seis. A pintura também está diferente, a escola está mais bonita. Além disso, agora tem a questão da máscara e de medir temperatura."
Já Cesar Rebeque, 17, aluno do terceiro ano do ensino médio, disse que preferiu voltar às aulas presencialmente porque teve dificuldades de acessar o sistema disponibilizado pelo governo estadual:
"Tem pessoas que não têm acesso [à internet] e não conseguem acessar o site. Era o meu caso. Eu tinha internet, mas não conseguia entrar de jeito nenhum."
Além disso, ele complementou que sempre gostou de dialogar e que, na pandemia, sentiu falta das conversas com os colegas. "Como é meu último ano, é meio ruim." Ele disse querer cursar a faculdade de Agronomia.
Emilly da Silva, 16, estudante do segundo ano do ensino médio, afirmou ter sentido muita falta dos amigos, dos professores e da merenda. "Senti falta de tudo isso, minha mãe falou: 'você que sabe', sobre querer vir ou não, então quis ver."
Retorno em meio à greve
De acordo com a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de SP), os professores estão em greve, mas continuarão lecionando aulas virtualmente hoje. Durante a manhã, todos os professores foram na maior escola estadual de SP
O sindicato disse que instruiu os professores a conversarem com pais e alunos para não irem às escolas hoje e seguirem acompanhando as aulas online. O modelo foi aprovado em assembleia virtual por 80% dos professores.
O governo de SP, no entanto, por meio da secretaria de Educação, afirmou que "tomará as medidas judiciais cabíveis" contra a greve e que as "faltas não justificadas pelos profissionais serão descontadas".
A Secretaria Estadual de Educação e a Apeoesp disseram que só farão um balanço sobre o retorno das aulas hoje no período da tarde.
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