São Paulo pode ser um dos focos da variante de Manaus, alerta imunologista
O primeiro caso da variante conhecida como cepa de Manaus da covid-19 foi confirmada ontem na cidade de São Paulo, em um paciente que não viajou para o Amazonas. É possível que a nova variante se espalhe pela capital paulista, de acordo com as declarações da imunologista e professora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMT-USP), em entrevista à CNN.
"O mundo é muito conectado e já é grave o fato de encontrarmos em Manaus. São Paulo é a principal rota dos aviões que vêm de Manaus, então, é de se esperar que São Paulo seja um dos próximos focos da transmissão dessa variante", disse a especialista ao ser questionada sobre a gravidade da transmissão doméstica detectada em São Paulo.
Até o momento, os casos registrados da variante de Manaus em outros locais foram diagnosticados em pessoas que tiveram contato com alguém que viajou para região ou que haviam viajado para o Amazonas. Por esse motivo, a imunologista reforçou o alerta para que a população mantenha os cuidados para evitar a propagação da nova cepa.
"As pessoas devem se preocupar. A chance é que realmente se espalhe. Então, quanto mais cuidado as pessoas tenham, menor o risco das pessoas se infectarem. Então sim, é uma notícia ruim", disse à CNN.
A imunologista também comentou que não poderia confirmar sobre a possibilidade da transmissão local ter ocorrido no caso do paciente anunciado ontem pela Prefeitura de São Paulo, mas que as chances são altas.
Para Ester Sabino, é necessário que a população coopere com a redução da taxa de transmissibilidade do vírus, senão a luta contra a pandemia será "um processo infinito" e sem controle.
"Quanto mais a gente prolonga esse processo, ele dura mais. As vacinas foram feitas para a primeira linhagem, a gente precisa estudar mais para saber o quão eficaz serão para as novas linhagens. A ciência está correndo atrás, mas o tempo depende também da ajuda da população."
A taxa de transmissibilidade das novas variantes é mais alta e mais resistente às vacinas desenvolvidas por conta da forma como agem no corpo. Segundo a professora da Faculdade de Medicina da USP, a cepa da Inglaterra tem uma mutação que ajuda a ligar o vírus ao receptor.
Já as mutações da África do Sul se mostram efetivas em fazer com que o vírus escape dos anticorpos neutralizantes. Isso causa reinfecção e aumenta a chance de escapar da resposta à vacina, segundo a entrevista de Ester Sabino para a CNN.
Paciente da nova cepa em SP teve quadro leve
O paciente identificado com a variante de Manaus apresentou sintomas leves e não precisou ser internado. A prefeitura reservou, desde o final de janeiro, dez leitos isolados no Hospital Municipal Dr. José Soares Hungria, em Pirituba, para tratar a nova cepa.
Ontem, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde (COVISA) afirmou que os diagnosticados com a nova variante do coronavírus demandam os mesmos cuidados da covid-19.
Em casos de suspeita de contaminação, é necessário realizar exames e isolamento, além de comunicar e pedir que pessoas que tiveram contato recente ou constante que sigam o mesmo procedimento.
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