Vacina 100% nacional deve ser produzida no 1º semestre, diz vice da Fiocruz
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) deve produzir uma vacina 100% nacional ainda no primeiro semestre, disse o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Marco Aurélio Krieger, durante o UOL Entrevista, conduzido por Diogo Schelp, colunista do UOL, e pelo repórter Lucas Borges Teixeira.
De acordo com Krieger, a Fiocruz inicia em abril a segunda etapa do processo tecnológico da vacina: a nacionalização.
Esse sempre foi o nosso objetivo. Incorporando ao máximo a tecnologia de produção, a gente espera ainda no primeiro semestre ter a produção 100% nacional. Estamos muito confiantes. O início é mais delicado, temos que fazer com todo o cuidado porque estamos oferecendo um produto que tem que ter um selo de qualidade muito grande.
Marco Aurélio Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz
O IFA é o ingrediente farmacêutico ativo que permite a produção da vacina contra a covid-19. Atualmente, a Fiocruz importa o ingrediente para a produção da vacina Oxford/AstraZeneca, que tem 82,4% de eficácia após a aplicação da segunda dose, se mantido o intervalo indicado pela farmacêutica.
Mas ontem a fundação anunciou que até março deve assinar contrato com a farmacêutica AstraZeneca para a transferência de tecnologia da produção do IFA. Com isso, a fundação pretende entregar ao PNI (Programa Nacional de Imunizações) 15 milhões de doses da vacina até o fim de março e aumentar o ritmo de produção a partir de abril.
A partir do momento em que a transferência de tecnologia for feita, ainda há um rigoroso processo de controle de qualidade.
Essa situação em que estamos atualmente, em que o mundo todo está, é um problema global.
Marco Aurélio Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, sobre a falta de vacinas
'Produção é mais importante do que compra de vacinas'
O vice da Fiocruz alertou que mais importante do que a compra de vacinas é a necessidade de produção feita por completo no Brasil.
Se a gente hoje quiser comprar mais vacina, não vai conseguir. Os números que estão sendo ofertados em vários acordos são muito menores que a capacidade que vai ser disponibilizada por Fiocruz e Butantan. É o momento de pensarmos na produção estratégica de alguns insumos porque vimos a competição global em todos os momentos da pandemia.
Marco Aurélio Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz
Krieger também anunciou que amanhã o Brasil receberá mais dois milhões de doses da vacina de Oxford/Astrazeneca.
Está confirmada amanhã a chegada de mais de 2 milhões de doses prontas e, dentro do arranjo global que estamos envolvidos, vamos receber um total de 10 milhões de doses adicionais para minimizar o impacto que tivemos no início pelo pequeno atraso na liberação do IFA.
Marco Aurélio Krieger, vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz
'É importante saber que temos uma luz no fim do túnel'
É muito importante que a gente saber que temos uma luz no fim do túnel, que a gente saiba que a vacina é mais uma ferramenta no enfrentamento da pandemia.
O vice da Fiocruz observou que, mesmo com a vacina sendo aplicada, é necessário manter o uso de máscaras e higienização das mãos, e que a situação da pandemia no Brasil tende a arrefecer enquanto a vacinação for avançando.
"Tenho certeza de que em abril, maio, junho, estaremos com esses números próximos, finalizando muito próximos de 100 milhões de doses distribuídas e mais de 70 milhões de doses vacinadas, só com esta vacina. Lembrando que tem muitas outras iniciativas importantes também."
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