RS: 'Estou enxergando o pico do Everest', diz secretária após alta de casos
O Rio Grande do Sul corre o risco de ficar sem leitos de UTI para pacientes com covid-19, alertou a secretária de Saúde Arita Bergmann. Hoje, o estado tem ocupação de leitos superior a 90% e anunciou novas medidas para tentar desafogar o sistema de saúde.
"Já estou enxergando o pico do Everest. Estamos aqui apavorados", disse ela durante reunião com o governador Eduardo Leite (PSDB) e prefeitos. A frase faz uma referência ao esgotamento de leitos para pacientes infectados com o novo coronavírus.
Após a reunião, a Secretaria da Saúde do Rio Grande do Sul decidiu acionar o último nível do Plano de Contingência Hospitalar, elaborado no início da pandemia. A partir de agora, além da suspensão de cirurgias eletivas —com exceção daquelas de urgência —, fica determinado a instalação de leitos emergenciais em salas de recuperação e em UTIs intermediárias.
"Esta é maior taxa de ocupação [de leitos de UTI] até agora, uma situação de extrema gravidade, e será necessária a utilização de espaços disponíveis em cada instituição da rede hospitalar do Estado", afirmou o diretor do Departamento de Regulação Estadual, Eduardo Elsade.
A secretária Arita Bergmann reforçou a medida dizendo que os hospitais do estado, públicos e privados, terão que disponibilizar toda a sua estrutura para casos de covid-19. "Estamos na fase mais crítica, que precisa de atitudes mais drásticas".
Segundo o governo do Rio Grande do Sul, além da alta taxa de ocupação de leitos, a fila de espera não para de crescer. No dia 13 de fevereiro, eram apenas dois pacientes, em estado gravíssimo, aguardando transferência para um leito de UTI. Hoje, o número é de 30 pacientes com risco de morte.
Ainda segundo o governo, cerca de 60% dos pacientes que internam em UTIs morrem.
Leito não é a garantia de não perder a vida. O que realmente ajuda a salvar vidas é evitar que o vírus circule"
Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul
Nas redes sociais, o governador Eduardo Leite afirmou que "a grande homenagem que podemos fazer aos profissionais de saúde é fazer a nossa parte" e não "bater palmas". Ele ainda pediu que a população respeite as medidas de prevenção contra o novo coronavírus. "Não basta assinarmos esse decreto se não houver a consciência de todos".
Arita Bergmann acrescentou que, diante do cenário "catastrófico" atual, o governo precisaria abrir 60 novos leitos de UTI por dia para atender todos os pacientes, "mas isso jamais será possível", lamentou.
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