Infectologistas e UnB criticam posição de CRM contra restrições no DF
A Sociedade Brasileira de Infectologia do Distrito Federal e a Faculdade de Medicina da UnB (Universidade de Brasília) criticaram o posicionamento do CRM-DF (Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal), que divulgou uma nota contrária às restrições impostas pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).
O decreto restringiu o horário de funcionamento de estabelecimentos como escolas, bares, restaurantes, academias e shoppings. O decreto começou a valer no DF no domingo (28). A medida visa combater o aumento de casos de covid-19 na região. As restrições vigoram até o dia 15 de março.
"A situação é crítica e, como tal, exige intervenção imediata e categórica para diminuir o risco de perda de vidas pela falta de atenção adequada aos casos mais graves de Covid-19 e de evitar mortes por outros agravos prevenindo o colapso do sistema de saúde", diz a nota divulgada pela Faculdade de Medicina da UnB (leia na íntegra).
"Assim, surpreende-nos sobremaneira a afirmação do CRM-DF ao argumentar contra uma medida destinada a evitar a morte das pessoas afetadas pela doença, em prol de interesses de natureza econômica e alheios ao seu dever de zelar pelo bom exercício da profissão médica. A atitude do CRM-DF tristemente contribui para reduzir a adesão às medidas e certamente terão um preço em vidas ceifadas pela doença", completa a nota que manifesta apoio às restrições.
Na nota divulgada ontem, o CRM afirmou que "tal medida já se mostrou ineficaz, condenada até mesmo pela própria Organização Mundial da Saúde (OMS) nas palavras do Dr. David Nabarro: 'O lockdown não salva vidas e faz os pobres muito mais pobres'". No entanto, a citação usada, de outubro do ano passado, foi retirada de contexto em publicações na internet para sugerir que a entidade condena o lockdown.
A Sociedade de Infectologia do DF também manifestou apoio ao decreto e criticou a nota do CRM afirmando que o "lockdown já se mostrou, em várias partes do mundo, uma medida útil" e que deve ser adotado em casos extremos.
"No Distrito Federal, propõe-se no momento a restrição de atividades específicas e em horários delimitados. São lícitos os debates e os questionamentos sobre quais atividades devem, ou não, ser afetadas pelas restrições, bem como a duração desse período. Não é admissível, entretanto, que haja um posicionamento radical, contra a medida de forma geral, como fez o CRM-DF", diz a nota.
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