Topo

Esse conteúdo é antigo

Com ameaça de colapso, governo de SP anuncia abertura de 500 novos leitos

Lucas Borges Teixeira, Rafael Bragança e Allan Brito

Do UOL e colaboração para o UOL, em São Paulo

03/03/2021 12h59

O governo de São Paulo anunciou hoje que vai abrir 500 novos leitos para pacientes com covid-19 com o objetivo de tentar evitar o colapso do sistema de saúde no estado. Segundo a gestão do governador João Doria (PSDB), durante o mês de março serão abertos 339 leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e mais 161 de enfermaria em hospitais estaduais, municipais, Santas Casas e outros serviços de saúde filantrópicos.

Doria aposta na maior oferta de leitos e na adoção de medidas mais restritivas para frear a circulação do vírus, que tem sido potencializada no estado pela variante de Manaus. Hoje o governador anunciou que todo o estado passará para a fase vermelha do Plano São Paulo, que determina a abertura apenas de atividades essenciais a partir de sábado (6).

As medidas anunciadas em entrevista coletiva sobre a pandemia vêm um dia após ver São Paulo atingir um novo recorde de mortes diárias, com 468 óbitos registrados. O próprio governo paulista tem uma projeção de que, caso as condições atuais sejam mantidas, o colapso do sistema de saúde se daria em duas semanas.

Nas últimas 24 horas, a central de vagas recebeu 901 pedidos para internação em leitos de UTI. Na prática, isso quer dizer que São Paulo encaminhou um paciente de covid a cada dois minutos em hospitais públicos ou privados. É o termômetro dessa tragédia.
João Doria (PSDB), governador de São Paulo

O colapso significa que pacientes com covid-19 podem ficar sem atendimento médico por falta de leitos. A situação é ainda mais grave porque o momento de piora da pandemia é nacional, o que praticamente inviabiliza a transferência de pacientes para outros estados para garantir atendimento, como foi feito no início do ano em Manaus.

Desde o início da pandemia, o governo afirma que os leitos de UTI foram ampliados em 150%, passando de 3,5 mil para 8,5 mil.

Ocupação

De acordo com os dados mais recentes do governo paulista, de ontem à noite, o estado tem 75,3% dos leitos de UTI ocupados, enquanto a ocupação é de 76,7% na Grande São Paulo.

São Paulo tem hoje 7.415 pacientes com covid-19 internados em UTIs e mais 8.968 em enfermarias, totalizando 16.383 pessoas em recuperação no estado.

Nas últimas duas semanas, o estado viveu uma intensificação do número de internados nunca antes vista na pandemia, com uma média de 93 novos pacientes internados por dia.

Evolução da taxa de ocupação de leitos de UTI para covid-19 nas últimas duas semanas Imagem: Reprodução

"Foram mil leitos [ocupados] a mais do que na segunda passada. Isso mostra que estamos, em dez dias, com 100 pacientes internados na UTI a cada dia. Isso jamais vimos", afirmou o secretário estadual de Saúde, Jean Gorinchteyn.

O coordenador-executivo do Centro de Contingência, João Gabbardo, disse que a quantidade maior de pessoas internadas em leitos de UTI —que já representa um aumento de 18,6% em relação ao pior momento anterior da pandemia no estado— se justifica porque o comportamento da doença tem sido diferente. Pessoas mais jovens estão sem infectadas e acabam ficando mais tempo internadas.

Esse aumento [do total de pessoas internadas] é maior do que o aumento de novas internações. Possivelmente, porque estamos atendendo e internando pessoas de faixa etária mais baixa. Elas conseguem resistir mais ao vírus e por consequência ficam mais tempo internadas. Os leitos não estão rodando como anteriormente, isso ocasiona acúmulo de novos pacientes. Esse acúmulo, que é um fenômeno do Brasil inteiro, está levando ao colapso.
João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência do Coronavírus de São Paulo

Hospitais de campanha

Diferentemente do que foi feito na primeira onda da pandemia no estado, a gestão de Doria não tem apostado, até agora, em hospitais de campanha. No ano passado, só a capital chegou a ter quatro unidades do tipo: Pacaembu, Anhembi, Ibirapuera e Heliópolis. Todos foram fechados no segundo semestre, e apenas o de Heliópolis foi reativado neste ano.

A estratégia é diferente no interior, onde a pandemia teve um agravamento mais rápido. O governo paulista mantém atualmente um hospital de campanha em Araraquara, que entrou em colapso em fevereiro. Há ainda uma unidade do tipo em Jaú.

Em Bauru, o hospital de campanha instalado no prédio da USP (Universidade de São Paulo) funciona com 30 leitos de enfermaria. Além disso, a gestão de Doria converteu o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) de Franca, que agora opera com 15 leitos de UTI e cinco de enfermaria. No Hospital Estadual de Bebedouro, são 20 leitos de UTI e 20 de enfermaria.

Perguntado se o governo estadual tem um limite de capacidade para abrir novos leitos, Gorinchteyn disse que por enquanto não há essa limitação.

"Temos responsabilidade de dar assistência à vida. Não existe limitação. Onde tiver espaço em hospital, vamos abrir leitos. Tivemos essa discussão. Abram leitos, sejam em anfiteatros, ambulatórios, não podemos deixar pessoas desassistidas", afirmou o secretário, em referência aos municípios paulistas.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Com ameaça de colapso, governo de SP anuncia abertura de 500 novos leitos - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade


Coronavírus